Em abril, a ação desencadeada pela Polícia Civil deteve 33 pessoas dessa organização, sendo seis deles paulistas e dois de Belo HorizonteNa ação, policiais civis de Pouso Alegre disfarçados de mendigos foram à favela João XXIII, no Butantã, Zona Oeste de São Paulo, onde encontraram “Fabão”, o suposto líder da facção paulista na cidade do Sul de Minas Ele foi o primeiro a ser detido e trazido de volta a Minas“A entrada dessa facção já é sentida em grandes cidades do estado e principalmente aquiIsso se deve à nossa proximidade com o estado de São Paulo e ao crescimento econômico intenso da região”, afirma o delegado regional de Pouso Alegre, Flávio Tadeu Destro.
De acordo com o policial, as ações de inteligência têm sido bem-sucedidas e outra quadrilha, a segunda mais importante com ligação com o crime organizado do estado vizinho, já está sendo monitorada“O trabalho contra essa organização tem de ser muito meticulosoNão são bandidos comunsTêm uma divisão mais metódica de tarefas e obrigações, o que torna difícil que sejam pegos sem um trabalho especializado”, detalha o delegado
Um dos pontos controlados por essa facção fica no Bairro São GeraldoCasas abandonadas foram invadidas e servem de pontos para venda e consumo de drogasBandidos da facção usam os pontos para esconder armas e coordenar ações em outras áreas da cidade, como roubos a mão armada contra estabelecimentos comerciais e motoristas“Os criminosos dessa facção são mais organizados e também conquistaram uma certa ‘moral’ entre os bandidosExpulsaram pequenos traficantes locais e vão ocupando espaços”, alerta o delegado Flávio Destro, que considera que a violência na cidade, de cerca de 150 ocorrências de crimes violentos por mês, esteja dentro de uma média “aceitável”, mas admite que precisaria de pelo menos mais 10 delegados.
Avisos Em Passos, na praça da Unidade Básica de Saúde (UBS) Fortunato Borsari, no Bairro Califórnia, avisos pichados por criminosos nos muros soam como demonstração de poder e desafio às autoridadesNuma das paredes do antigo vestiário, os traficantes deixaram recado com tinta preta: “É a criança defendendo a boca que ele vende droga pra quadrilha rival não invadirBobeou, tomou nos peitos”, diz parte da inscriçãoA liberdade com que traficantes agem assusta a populaçãoA., de 25 anos, funcionária da unidade de saúde, diz que vive com medo“É um horror isso daqui
Segundo o comandante, outro problema é o aumento do tráfico de drogas e a reincidência“Cada vez mais os jovens estão envolvidos com a venda de entorpecentesE por conta da legislação que temos, muitas vezes o policial aborda um cidadão que já tem inúmeras passagens policiais, mas continua solto”, afirma“Também faltam práticas de ressocialização para evitar que essas pessoas se envolvam novamente com o crime”, acrescentouSete Lagoas conta com 500 policiais para atender 12 municípiosDo total, 400 atuam na cidade, de 220 mil habitantesCerca de 15% do efetivo do batalhão está em funções administrativas“A polícia está trabalhando e as instituições funcionam, mas não somos uma cidade tranquila”, reconhece o comandante.