Nem mesmo quem fiscaliza os motoristas está livre do sentimento de medo que os consecutivos acidentes provocamNa base móvel da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o soldado Prates viu a vida por um fio na quarta-feira, quando o caminhão-baú carregado com 12 toneladas de produto tóxico saiu arrastando tudo pela frente“Quando vi o descontrole da direção, sem saber para onde o caminhão iria, tentei me proteger atrás da baseMas não tinha nenhuma garantia de que o motorista não iria jogar o veículo justamente aquiA insegurança não é só de quem está na via, mas também para nós que fiscalizamos
O motorista Raimundo Flávio Campos, de 56, compara o Anel Rodoviário a uma roleta russa, pois nunca se sabe se vai sair dali vivo“Passo aqui com medo e porque sou obrigadoMoro no Bairro Céu Azul, na Região da Pampulha, trabalho em Nova Lima e não tenho outra opçãoJá vi muitos acidentes aqui, por isso só dirijo pela esquerdaTenho pavor de ter atrás de mim uma carreta, porque elas não conseguem parar quando chegam ao radar”, diz
Descrença
Para as pessoas que trabalham às margens da rodovia a aflição é em dose dupla: além de não ter como fugir do perigo, ainda são obrigadas a presenciar desastres frequentes“A sensação que a gente tem é de medo e impotência porque, infelizmente, as obras não passam de promessasMas nem sempre a culpa é só da rodovia, tem muito motorista imprudente ”, critica Aladim Pereira, de 30, empregado da Ferrosider, empresa instalada no ponto mais crítico do Anel Rodoviário, no Bairro Betânia.
Se o sentimento entre os motoristas é de medo, para os que vivem à margem do corredor a sensação é de descrençaA professora Rosita Lisboa diz que já perdeu as contas de quantas vezes teve o quintal invadido por caminhões e carros desgovernados
Empresário vai ganhar indenização
O motorista Leonardo Farias Hilário, que provocou um dos piores acidentes no Anel Rodoviário em 28 de janeiro do ano passado, e as empresas proprietárias da carreta dirigida por ele foram condenados a pagar um indenização de R$ 21.948 por danos materiais a um empresário que teve seu veículo envolvido no acidenteO carro do empresário foi atingido na traseira e arremessado contra a mureta de segurança da rodovia, o que provocou o capotamento do veículoA seguradora negou a cobertura dos estragos causados pelo acidente e o empresário decidiu cobrar dos responsáveis pelo caminhão as despesas com a remoção do veículo, conserto e desvalorização, além dos transtornos gerados pela impossibilidade de usar o automóvelOs réus foram citados, mas não apresentaram contestação, sendo julgados à reveliaO juiz da 32ª Vara Cível de Belo Horizonte, Geraldo Carlos Campos, entendeu que as provas do processo demonstram a culpa do motorista da carreta pelo acidente, uma vez que ele não conseguiu diminuir a velocidade e atingiu vários veículos, entre eles o do empresárioO magistrado considerou que L.F.H desrespeitou o Código de Trânsito Brasileiro ao agir de forma imprudente, descumprindo a norma de manter distância segura do veículo à frenteEssa decisão, de primeira Instância, está sujeita a recurso