Com permanente vocação para o ensino e 262 anos de história, que se completam em 20 de dezembro, o seminário, batizado inicialmente de Nossa Senhora da Boa Morte, foi fundado pelo primeiro bispo da Diocese de Mariana, dom frei Manuel da Cruz (1690-1764)No princípio, estiveram à frente da instituição os jesuítas, até assumirem o posto em 1853 os lazaristas, a convite do bispo dom Antônio Ferreira Viçoso (1787-1875)“Os lazaristas ficaram até 1996
Em 1934, o arcebispo dom Helvécio Gomes de Oliveira, por solicitação do Vaticano e decidido a melhorar as acomodações para os estudantes, desmembrou o seminário em dois institutos: o Seminário Menor Nossa Senhora da Boa Morte e o Seminário Maior São José, que acolheria os alunos dos cursos de filosofia e teologiaEm 1991, por sugestão da primeira assembleia dos presbíteros da arquidiocese, o arcebispo dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006) separou os cursos de filosofia e teologia, passando o segundo a funcionar no prédio construído por dom Oscar de Oliveira
Pioneiro
Para conhecer melhor essa longa trajetória religiosa e educacional, que inclui os seminários Menor (ensinos fundamental e médio) e Maior (superior), nada melhor do que ver bem de perto as duas construções, no Centro Histórico da cidade, ambas em excelente estado de conservaçãoA pioneira, erguida no século 18 e hoje ocupada pela universidade, chama a atenção pelo relógio frontal, as linhas singelas, a fachada pintada de azul e branco e uma atmosfera tranquila que remete aos tempos coloniais O espaço abriga a chamada Sala da Estrela, um dos pontos de encontro dos inconfidentes mineirosJá na Rua Cônego Amando, domina a paisagem o edifício datado de 1934, cercado de palmeiras e dono de uma capela com belas pinturas parietais no forroNesse prédio, funciona o Seminário Maior São José, que oferece o curso de teologia (formação de padres)O curso de filosofia foi transferido para um prédio na Rodovia dos Inconfidentes, onde antes estava o ensino fundamental e médio
“Um dos pontos mais importantes da história do Seminário de Mariana é que atualmente todos os padres da arquidiocese, num total de 79 religiosos, se formaram aqui”, diz o diretor acadêmico, padre Danival Milagre Coelho, prata da casa com muito orgulho
Memórias
Na parede do seu escritório no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o ex-seminarista Helvécio, que trabalha no mercado imobiliário, mantém uma pintura retratando o prédio antigo do Seminário de Nossa Senhora da Boa Morte, para onde foi estudar aos 11 anosNa tela do computador, ele armazena a foto da turma de 1959, com os padres lazaristas à frente e os meninos, de batinas pretas, sentados na escadaria ou de péNo coração do homem, estão as lembranças de muito estudo e atividades“Aprendi muito bem português, tinha aulas de latim, grego e até hebraicoEra uma época de confinamento, pois estava interno, mas fui preparado para o futuro”, diz HelvécioA pontualidade, por exemplo, se tornou muito forte na sua vida“Fui sineiro do seminário, então não podia perder a hora”, brinca
Jovens preparados para novos tempos
O processo de formação de padres no Seminário de Mariana se desenvolve hoje em quatro etapasO primeiro está no
Grupo de Orientação Vocacional (GOV), que acompanha os jovens no período do ensino médio, nas modalidades externo e interno, sendo quem os segundos integram a Comunidade Vocacional na Basílica São José, em Barbacena, na Região CentralDepois, tem o Propedêutico, instalado na Paróquia do Bom Pastor, em Barbacena, que recebe os candidatos que concluíram o ensino médio e os prepara para a sequência do processo formativo: o curso de filosofia, com duração de três anos, na Faculdade Arquidiocesana Dom Luciano Mendes de Almeida; e o de teologia, etapa final da formação presbiterial, com quatro anos de duração, no Instituto de Teologia do Seminário São José.