Jornal Estado de Minas

BH levará 20 anos para erradicar analfabetismo

Se o ritmo do investimento na educação de jovens e adultos for o mesmo da última década, Belo Horizonte levará 20 anos para erradicar o analfabetismo
A redução da população de iletrados na capital entre 2000 e 2010 foi de apenas 1,7 ponto percentualNa capital, a maior parte dos analfabetos (9,4%) tem 60 anos ou mais, mas uma parte considerável de adultos entre 25 e 59 anos (2%) permanecem sem saber ler e escreverHoje, as 681 turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do município atendem 20 mil pessoas – entre eles 4 mil jovens de até 15 anos e quase 2 mil idosos – em 103 escolas da rede municipal de ensino.

A vice-diretora do Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação da Prefeitura de Belo Horizonte e responsável pelo EJA na capital, Eunice Margareth Coelho, afirma que uma das formas de combater o analfabetismo é ampliar os espaços educativos e buscar parcerias com igrejas, associações, sindicatos e equipamentos públicosO sonho, diz, é que um dia o país não precise mais do programa de educação tardia

“Abrimos turma todos os meses e recebemos matrícula em qualquer época do ano, vamos atrás dos analfabetosPrecisamos diversificar o programa de tal forma que todos os jovens e adultos que não tiveram acesso à educação sejam incluídosSe universalizamos o ensino fundamental, podemos erradicar o analfabetismo”, diz a educadoraPara ela, o letramento é a condição primeira para a inclusão social“Num mundo globalizado, não ter acesso a um código primário é estar impedido de ter vida socialO analfabetismo é uma variável socioeconômica que produz grande desvantagem no acesso a serviços e direitos.”

Júlia Silva, alfabetizadora do EJA há 12 anos, já ajudou muita gente a subir esse degrau na escala social e defende a ideia de que a alfabetização fortalece a cidadania
“Tive alunos que não tinham noção do seu contracheque, não entendiam os descontos, as horas extrasChegavam de cabeça baixaA partir do momento que adquirem a escrita e a leitura, eles passam a conversar olhando no olho, começam a opinarDeixam de ser indivíduos para ser cidadãos”, compara a professora.