Jornal Estado de Minas

Babá suspeita de provocar lesões no cérebro de bebê nega agressões

Polícia vai investigar se medicamento e alimentos ingeridos pela criança no dia em que foi internada podem ter causado as lesões

João Henrique do Vale

A babá chegou na delegacia com um capacete na cabeça para não ser identificada - Foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press

 

A polícia ouviu novamente, na tarde desta quinta-feira, a babá EVS., de 31 anos, suspeita de ter cometido maus-tratos contra um bebê de dois meses e meio que foi diagnosticado com a síndrome do bebê sacudido, que ocorre quando uma criança, geralmente lactente, é violentamente balançada gerando graves problemas cerebraisA mulher voltou a negar que tenha cometido qualquer tipo de violênciaEla também trouxe fatos novos à políciaSegundo E., no dia anterior ao que a menina passou mal, a mãe teria dado medicamentos a ela, que também iniciou uma dieta com complementação alimentarO fato será investigado

A babá chegou à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) às 15hAcompanhada de um advogado, a mulher entrou no local sem falar com a imprensa e usando um capacete para não ser identificadaEla conversou com o delegado Geraldo Toledo, responsável pelo caso, por cerca de duas horas

Segundo Toledo, ela mantém a versão apresentada pouco dias após a menina ser internada

Entretanto, as evidências recaem sobre ela“A babá continua negando que tenha praticado qualquer tipo de lesão contra a criançaPorém afirmou mais uma vez que era a única pessoa que passou o dia com o bebêO hospital já detectou que a menina sofreu a síndrome do bebê sacudido e ela continua sendo a principal e única suspeita”, afirma o delegado

Ao chegar no Hospital Mater Dei, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul, o bebê foi avaliado por neurologistas e oftalmologistas, passou por exames de ressonância magnética e tomografia que detectaram um coágulo no cérebro e o rompimento dos vasos anteriores dos olhos, o que pode causar cegueiraPor causa do tamanho das lesões, o delegado descarta que a menina tenha sido sacudida dias antes do crime“Pela gravidade das lesões não poderia ter acontecido outro dia”, disse

Novos fatos surgiram durante o depoimento da babáA mulher informou à polícia que na madrugada de 15 de junho, a mãe da menina ministrou um Paracetamol à criança e durante o dia o bebê iniciou uma complementação alimentar baseada em sulfato ferroso e outros polivitamínicos“Nós recolhemos todas as informações e vamos encaminhar para a perícia fazer uma avaliação
Queremos saber se essa alimentação e a medicação podem ter contribuído ou ocasionado as lesõesÉ prudente que todas as hipóteses que não sejam a do balançar a criança sejam descartadas”, explica Geraldo Toledo

A babá também informou à polícia que não fez nenhum curso profissionalizante para a profissãoO delegado informou que, por enquanto, não vai pedir a prisão da mulher, pois ela está colaborando com as investigações