Depois de cinco anos de obras e R$ 150 milhões em investimentos, o prolongamento das avenidas Pedro II, João XXIII e Tancredo Neves foi liberado pela Prefeitura de Belo Horizonte e, no primeiro dia de tráfego, atendeu em parte a expectativa de reduzir em 30% o tempo das viagens. A reportagem do Estado de Minas fez trajetos de ida e volta do início da Pedro II até o fim da Tancredo Neves e constatou ganho de tempo no sentido Centro com a nova pista. No sentido Pampulha, porém, o novo caminho se revelou mais lento.
Em direção ao Centro, o trajeto na avenida quadruplicada que passa sob o Anel Rodoviário chegou a ser 10 minutos e 14 segundos mais rápido que o antigo – ganho de 32% (veja arte). Para a Região da Pampulha, o caminho usado anteriormente, que inclui ruas estreitas do Bairro Jardim Alvorada, foi cumprido mais rapidamente: 8 minutos e 28 segundos. Um dos problemas identificados na nova pista foi um semáforo instalado no cruzamento com uma via marginal do Anel.
Mudanças
As intervenções na Região Noroeste têm reflexo em vias importantes da cidade. A prefeitura calcula que 85 mil veículos passarão diariamente pelo trecho inaugurado, o que facilitará o trânsito entre as regiões da Pampulha e Noroeste e o Centro e desafogará outras vias arteriais da cidade, como as avenidas Antônio Carlos, Carlos Luz e Abílio Machado. As obras foram planejadas para beneficiar também o entorno de bairros como Castelo, Serrano, Santa Terezinha, Paquetá, Conjunto Celso Machado e parte de Contagem, na Grande BH.
O mestre em transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro diz que problemas nos primeiros dias de operação eram esperados, mas cobrou atenção dos responsáveis pelo trânsito. “O primeiro dia é complicado mesmo, as pessoas se confundem. É hora de a BHTrans fiscalizar e orientar”, analisou o professor da PUC Minas. “Um semáforo pode, sim, atrapalhar muito, mas o pior do trecho é o trevo que ainda não foi concluído no Anel”, acrescentou. Especialistas chegaram a sugerir a construção de uma trincheira entre a Tancredo Neves e a Dom Pedro II, o que poderia reduzir o impacto de semáforos. A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que essa solução chegou a ser estudada, mas foi abandonada devido ao alto custo da intervenção.
Acesso
Apesar de lentidão registrada no sentido Pampulha, comerciantes da região acreditam que a inauguração do novo trecho terá impacto positivo sobre os negócios. Elson Soares de Morais, de 56 anos, que trabalha num depósito de construção no Jardim Alvorada, disse que o fato de ter acesso à Pedro II vai permitir que ele conquiste clientes na avenida. “Antes, não tinha acesso à Pedro II por causa da Vila São José. Agora, podemos arrumar clientes por lá e entregar rápido.”
A remoção da Vila São José e reassentamento de 2.226 famílias foram apontados pelo secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Murilo Valadares, como principais conquistas do complexo. Parte das famílias foi transferida para 1.408 apartamentos do Programa Vila Viva. “Aqui antes havia um córrego que inundava, violência e precariedade”, comparou.
Segundo Valadares, nos próximos dois anos uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), um centro de saúde e mais 208 unidades habitacionais ficarão prontas ao custo de R$ 30 milhões. Uma estação de integração de ônibus funcionará num espaço de 20 mil metros quadrados no centro da Tancredo Neves. Segundo a BHTrans, o projeto deve ficar pronto nos próximos dias. A Sudecap informou que a construção também levaria dois anos, mas ainda não há previsão orçamentária.
Enquanto isso...
...PROJETO DO ANEL EM FASE DE AJUSTE
O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general Jorge Fraxe, e o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, sobrevoaram ontem áreas do Anel Rodoviário e do Anel Metropolitano (Rodoanel) como parte dos entendimentos para tocar as obras que visam desviar o tráfego pesado metropolitano das vias urbanas de Belo Horizonte. Na ocasião, o Dnit entregou os levantamentos feitos pelo DER-MG, que é subordinado à Setop, com ajustes para concepção final do Projeto Executivo do Anel Rodoviário. A expectativa do secretário Melles é de que as adaptações fiquem prontas na próxima semana. “São poucos acertos a serem feitos. No sobrevoo pudemos mostrar trechos complicados do Anel Rodoviário e do Anel Metropolitano, como os estreitamentos sobre a Avenida Amazonas, a Linha Verde, a BR-040 sentido Brasília”, conta. Ainda segundo Melles, a PBH já estuda a remoção de famílias nas áreas que receberão obras. O custo estimado da expansão do Anel Rodoviário é de R$ 1,5 bilhão. O Anel Metropolitano foi dividido em três trechos, sendo que a parte sul caberá ao Dnit, a Leste à PBH e a Norte à Setop.