Jornal Estado de Minas

Obra na Pedro II encurta trajeto até o Centro, mas aumenta em direção à Pampulha

No primeiro dia de tráfego no prolongamento da Pedro II, teste do EM constata economia de tempo apenas em direção à Região Central. BHTrans diz que ajustes de semáforo devem resolver problemas nos próximos dias

Mateus Parreiras

  Trecho da avenida aberto ontem ao tráfego: retenções em semáforo no cruzamento com marginal do anel rodoviário e acidentes foram apontados como problemas no sentido bairro - Foto: beto novaes/em/d.a press

 

Depois de cinco anos de obras e R$ 150 milhões em investimentos, o prolongamento das avenidas Pedro II, João XXIII e Tancredo Neves foi liberado pela Prefeitura de Belo Horizonte e, no primeiro dia de tráfego, atendeu em parte a expectativa de reduzir em 30% o tempo das viagensA reportagem do Estado de Minas fez trajetos de ida e volta do início da Pedro II até o fim da Tancredo Neves e constatou ganho de tempo no sentido Centro com a nova pistaNo sentido Pampulha, porém, o novo caminho se revelou mais lento.

Em direção ao Centro, o trajeto na avenida quadruplicada que passa sob o Anel Rodoviário chegou a ser 10 minutos e 14 segundos mais rápido que o antigo – ganho de 32% (veja arte)Para a Região da Pampulha, o caminho usado anteriormente, que inclui ruas estreitas do Bairro Jardim Alvorada, foi cumprido mais rapidamente: 8 minutos e 28 segundosUm dos problemas identificados na nova pista foi um semáforo instalado no cruzamento com uma via marginal do Anel

“As nossas equipes de operação estão ajustando os tempos dos semáforos e isso deve regularizar algum engarrafamento que possa ocorrer no início”, disse o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor CesarA empresa que gerencia o tráfego da capital minimizou problemas ocorridos no primeiro dia de operação e justificou que seis acidentes no Anel Rodoviário podem ter contribuído para aumentar o tempo gasto na nova pista no sentido Centro-BairroO diretor-presidente da BHTrans, no entanto, reconheceu que uma solução definitiva só virá com a duplicação do Anel e a implantação de vias que desemboquem diretamente na Tancredo Neves.

Mudanças

As intervenções na Região Noroeste têm reflexo em vias importantes da cidadeA prefeitura calcula que 85 mil veículos passarão diariamente pelo trecho inaugurado, o que facilitará o trânsito entre as regiões da Pampulha e Noroeste e o Centro e desafogará outras vias arteriais da cidade, como as avenidas Antônio Carlos, Carlos Luz e Abílio MachadoAs obras foram planejadas para beneficiar também o entorno de bairros como Castelo, Serrano, Santa Terezinha, Paquetá, Conjunto Celso Machado e parte de Contagem, na Grande BH

- Foto: ARTE EMO mestre em transporte e trânsito Paulo Rogério da Silva Monteiro diz que problemas nos primeiros dias de operação eram esperados, mas cobrou atenção dos responsáveis pelo trânsito

“O primeiro dia é complicado mesmo, as pessoas se confundemÉ hora de a BHTrans fiscalizar e orientar”, analisou o professor da PUC Minas“Um semáforo pode, sim, atrapalhar muito, mas o pior do trecho é o trevo que ainda não foi concluído no Anel”, acrescentouEspecialistas chegaram a sugerir a construção de uma trincheira entre a Tancredo Neves e a Dom Pedro II, o que poderia reduzir o impacto de semáforosA Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que essa solução chegou a ser estudada, mas foi abandonada devido ao alto custo da intervenção

Acesso

Apesar de lentidão registrada no sentido Pampulha, comerciantes da região acreditam que a inauguração do novo trecho terá impacto positivo sobre os negóciosElson Soares de Morais, de 56 anos, que trabalha num depósito de construção no Jardim Alvorada, disse que o fato de ter acesso à Pedro II vai permitir que ele conquiste clientes na avenida “Antes, não tinha acesso à Pedro II por causa da Vila São JoséAgora, podemos arrumar clientes por lá e entregar rápido.”
A remoção da Vila São José e reassentamento de 2.226 famílias foram apontados pelo secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Murilo Valadares, como principais conquistas do complexoParte das famílias foi transferida para 1.408 apartamentos do Programa Vila Viva
“Aqui antes havia um córrego que inundava, violência e precariedade”, comparou

Segundo Valadares, nos próximos dois anos uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei), um centro de saúde e mais 208 unidades habitacionais ficarão prontas ao custo de R$ 30 milhõesUma estação de integração de ônibus funcionará num espaço de 20 mil metros quadrados no centro da Tancredo NevesSegundo a BHTrans, o projeto deve ficar pronto nos próximos diasA Sudecap informou que a construção também levaria dois anos, mas ainda não há previsão orçamentária.

 

Enquanto isso...

...PROJETO DO ANEL EM FASE DE AJUSTE

O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), general Jorge Fraxe, e o secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, sobrevoaram ontem áreas do Anel Rodoviário e do Anel Metropolitano (Rodoanel) como parte dos entendimentos para tocar as obras que visam desviar o tráfego pesado metropolitano das vias urbanas de Belo HorizonteNa ocasião, o Dnit entregou os levantamentos feitos pelo DER-MG, que é subordinado à Setop, com ajustes para concepção final do Projeto Executivo do Anel RodoviárioA expectativa do secretário Melles é de que as adaptações fiquem prontas na próxima semana“São poucos acertos a serem feitosNo sobrevoo pudemos mostrar trechos complicados do Anel Rodoviário e do Anel Metropolitano, como os estreitamentos sobre a Avenida Amazonas, a Linha Verde, a BR-040 sentido Brasília”, contaAinda segundo Melles, a PBH já estuda a remoção de famílias nas áreas que receberão obrasO custo estimado da expansão do Anel Rodoviário é de R$ 1,5 bilhãoO Anel Metropolitano foi dividido em três trechos, sendo que a parte sul caberá ao Dnit, a Leste à PBH e a Norte à Setop.