A aposentada Janine Guido foi uma das organizadoras do protesto de ontem e recebeu o apoio de organizações de defesa dos animaisIndignada, ela disse que as lojas que comercializam os animais não oferecem condições adequadas“É uma crueldadeOs animais não têm luz solar, ventilação e higieneVivem em meio ao calor e jaulas superlotadasEles ficam o tempo todo aí, até morrerMuitos estão doentes, são vendidos, levados para casa e morrem
O desabafo da aposentada foi endossado por Marimar Poblet, integrante da ONG Animais Urbanos e coordenadora da comissão que trata da questão da saúde animal do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte“Do ponto de vista sanitário, é uma atividade ilegalDo ponto de vista ético, também é ilegal, considerando as leis ambientais federal, estadual e municipalOs animais aqui são tratados como mercadorias”, Marimar.
Já a médica Eulália Jordá fez um alerta para o risco de transmissão de doenças dos animais para as pessoas que fazem compras no Mercado CentralEla destacou as bactérias shigella e salmonella, que podem contaminar os alimentos vendidos a granel“Baratas que se alimentam das fezes e do sangue dos animais podem transportar essas bactérias e causar sérios problemas de saúde às pessoas”, disse a médica.
CINOMOSE
O médico-veterinário Gilson Dias Rodrigues afirmou que os problemas sanitários decorrentes da venda de animais vivos são negligenciados no Mercado Central“As fezes dos animais são transportadas pelo ar, em forma de partículas, e atingem o prato das pessoas que estão se alimentando”, disse o veterinárioEle acrescentou que os animais comercializados no centro de compras apresentam muitos problemas de saúde“Esses bichos chegam aos consultórios com doenças conhecidas, como a cinomose, que atinge os sistemas nervoso e imunológico, causando pneumonia, paralisia e desidrataçãoMuitos animais morrem, trazendo frustrações aos compradores”, disse Gilson.
A estudante Marcela Tonholli, de 14, contou que sua avó comprou um cão no Mercado Central e o animal morreu no mesmo dia
O professor Lizt Vianna, de 26, participou do protesto e contou que vários turistas estrangeiros ficaram indignados com as péssimas condições dos animais no Mercado Central“A Europa tem mais consciência a esse respeitoAcho que é algo que o Brasil deveria repensar, principalmente com o evento da Copa do Mundo de 2014”, disse o professorNinguém da direção do mercado foi encontrado para falar sobre o assunto.
Enquanto isso...PROJETO EM TRAMITAÇÃO
Está tramitando na Câmara Municipal de Belo Horizonte o Projeto de Lei nº 2.178/12, apresentado pela vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), que regulamenta a criação e o comércio de animais domésticos em Belo HorizonteUm dos artigos do projeto de lei proíbe a venda de animais em estabelecimentos que comercializam alimentos para consumo humano, como hoje ocorre no Mercado CentralA proposta também regulamenta a prestação de serviços por parte de pet shops e clínicas veterináriasVárias audiências públicas já foram realizadas para debater a questão.