Jornal Estado de Minas

Manifestação de servidores em greve na UFMG termina em tumulto com alunos da Medicina

Uma das principais avaliações finais dos futuros médicos precisou ser cancelada devido à ocupação dos grevistas no prédio da faculdade

Daniel Silveira
A manhã desta terça-feira foi marcada por tumulto na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
Uma ação dos servidores que estão em greve comprometeu a realização da Avaliação Objetiva e Estruturada de Desempenho Clinico (OSCE), aplicada a cerca de 90 alunos formandos, que precisou ser cancelada.

A OSCE é uma simulação de um atendimento médico real e é aplicada aos alunos do 10º ao 12º períodosPara que ela seja realizada é preciso a participação de voluntários, manequins e bonecos para simular pacientesHabitualmente, os servidores da unidade são convidados a participar, mas, em função da greve, os professores convocaram residentes e alunos calorouros para garantir a realização do exameNo entanto, no horário previsto os grevistas realizaram uma ocupação no corredor das salas onde a prova era aplicada.

“Os servidores entraram nesse corredor, fazendo a maior arruaça, promovendo apitaço, sendo que a gente precisa de silêncioSem contar que a prova é toda cronometradaNão satisfeitos com o barulho, os grevistas começaram a arrancar as provas, que ficam fixadas nas portas das salas”, relata a aluna do 12º período, Raquel Bretas, de 25 anosSegundo a estudante, os professores, percebendo que a continuidade do exame estava comprometida, decidiram pelo cancelamento“Nós deixamos o prédio e na porta da faculdade os grevistas começaram a insultar os professores e a nós alunosAté sairmos do corredor não fizemos nadaMas depois das agressões verbais os alunos começaram a vaiar os grevistas e a rasgar os cartazes da greve”, conta Raquel
"Sabemos que a greve é legítimaNosso dia a dia ficou muito mais corrido depois da paralisação, mas respeitamos o movimentoSó não podemos ser lesados como ocorreu hoje", acrescentou.

O Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes), por meio de nota divulgada em seu site, informou que a ocupação pacífica do prédio já estava prevista e tinha como objetivo “abrir um espaço de diálogo, chamando a atenção dos docentes e discentes para a discussão da pauta de reivindicações do movimento grevista”Cerca de 200 servidores do corpo técnico-administrativo participaram da ocupaçãoSegundo a entidade, o ato durou aproximadamente meia hora.

O Sindifes afirmou no comunicado que “um grupo de alunos não entendeu o movimento e em um momento impensado rasgaram os cartazes e faixas da greveEsta atitude foi veementemente repudiada pelos trabalhadores, pois a manifestação foi pacífica e em nenhum momento procurou entrar em conflito com os demais segmentos”

De acordo com a assessoria de comunicação da Faculdade de Medicina, apenas a OSCE do internato de Pediatria, marcada para as 8h, foi cancelada e ainda não foi definida a nova data de sua realizaçãoÀ tarde, o exame foi realizado normalmente para as turmas do Internato em Urgência e Traumatologia e do Internato em Ginecologia e ObstetríciaPara esta quarta-feira está mantida a aplicação da OSCE para as turmas do Internato em Clínica Médica e do Internato em Cirurgia.

Segundo o Sindifes, na quinta-feira será realizado um Ato Unificado dos servidores em greve às 11h, em frente ao Banco Central, na Avenida Álvares Cabral, Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo HorizonteEm adesão à greve nacional, os servidores federais da área administrativa da UFMG reivindicam alterações na jornada de trabalho, melhorias das condições de trabalho e plano de carreira
Não há pedido de aumento salarial ou revisão de benefícios.