Jornal Estado de Minas

BARBACENA

Paróquia começa campanha para recuperar Santuário de Nossa Senhora da Piedade

Construção do século 18 demanda reforma urgente do telhado para evitar infiltrações que podem prejudicar altares e forros.

Gustavo Werneck
Cobertura do templo precisa de serviços para evitar estragos de infiltrações - Foto: José Celso Lima/Divulgação
O Santuário de Nossa Senhora da Piedade, de Barbacena, na Região Central de Minas, está a caminho da comemoração dos 270 anos do início da construção, em 15 de setembro de 2013E o titular da paróquia, padre Geovane Luís da Silva, se prepara para uma empreitada: começar uma campanha para recuperar a cobertura do templo e restaurar os elementos artísticosDurante missa no próximo dia 24, às 10h, ele vai conclamar a comunidade católica, empresas e outros setores da sociedade para ajudar no trabalhoA igreja é tombada desde 1986 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Localizada no Centro Histórico do município, a construção demanda serviços urgentes no telhado para evitar infiltrações e na parte interna, para garantir a preservação dos altares, forros, imaginária etcCom orgulho, o pároco diz que a igreja foi projetada pelo arquiteto português José Fernandes Pinto Alboim (1698-1770)Alboim trabalhou no século 18 na alteração do projeto da Casa de Câmara e Cadeia de Ouro Preto, atual Museu da Inconfidência, feito originalmente por Luís da Cunha Menezes, governador da Capitania de Minas de 1783 a 1788 e também arquitetoO local foi elevado a santuário em 1998, quando dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006) era arcebispo de Mariana.

A expectativa é de que a cobertura do santuário fique pronta para as comemorações do aniversário de 270 anos“A data correta é 9 de dezembro, mas vamos antecipá-la para o dia de Nossa Senhora da Piedade, a padroeira da cidade e de Minas”, afirma padre Geovane, lembrando que a campanha para arrecadação de recursos tem como tema: “Santuário da Piedade: A casa da mãe é a casa de todos”Com interior barroco e fachada numa transição do rococó para o neoclássico, a igreja poderá surpreender moradores e visitantes com o seu forroÉ que na década de 1970 essa parte foi toda pintada de branco, escondendo pinturas completamente desconhecidas das novas gerações“Trata-se de um lugar privilegiado de irradiação da fé e de evangelização na região”, diz o pároco.

A edificação do templo estendeu-se por um longo período que vai de 1743 a 1764, o que explica em parte a diversidade de estilos presente no seu interior. - Foto: José Celso Lima/Divulgação

História

Em 1725, o quarto bispo do Rio de Janeiro, frei dom Antônio de Guadalupe, criou a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, que teve a antiga capela como matriz provisória até 1730
Nesse ano, a sede foi transferida para a Capela de Nossa Senhora do Pilar, na Fazenda do Registro Velho (atual Sá Fortes), que caiu e desapareceu por completo em meados do século 19O primeiro vigário foi o padre Luiz Pereira da SilvaEm 19 de agosto de 1728, na primeira visita pastoral de dom frei Antônio de Guadalupe, foi escolhido o Sítio da Igreja Nova para a construção da igreja matrizQuinze anos depois, foi demarcado o local pelo padre Manoel da Silva Lagoinha, com uma cruz de madeira, e iniciada a edificação do templo com as devidas licenças do bispo dom frei João da Cruz.

A Igreja foi projetada pelo mestre português José Fernandes Pinto AlpoimEm 27 de novembro de 1748, a freguesia foi definitivamente transferida para a Igreja Nova de Nossa Senhora da Piedade e em torno do templo surgiu o Arraial da Igreja Nova de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo, chamado de Arraial ou Freguesia da Borda do Campo ou ainda de Arraial da Igreja Nova do CampolideO templo foi entregue ao culto pelo padre Antônio Pereira Henriques, então vigário, autorizado pelo primeiro bispo de Mariana, dom Frei Manoel da Cruz, em 1748Nesse ano, veio de Portugal a imagem de Nossa Senhora da Piedade, que ocupa o altar-mor.

A edificação do templo estendeu-se por um longo período que vai de 1743 a 1764, o que explica em parte a diversidade de estilo – rococó e neoclássico – presente no seu interiorA nave abriga, além do altar-mor, dois altares colaterais e quatro altares laterais, onde se pode contemplar a beleza de uma rica imagináriaA talha dos retábulos é do século 19 e reflete uma transição do rococó para o neoclássicoA última reforma da igreja mais recente ocorreu em 1985, sendo executados, desde então, serviços de manutenção.