O objetivo é evitar que esse locais se tornem ou continuem a ser pontos de moradores de rua e viciados em crack“Vamos identificar as prováveis moradias de suspeitos de crimes e, junto com a prefeitura, localizar proprietários para que tomem providências, como a retirada dos invasores e o fechamento dos acessos Essas pessoas em situação de risco causam impacto no aumento da criminalidade, porque cometem pequenos delitos como furtos, roubos e arrombamentos de veículos, para sustentar o vício da droga ”, disse o comandante da 4ª Companhia do 1º Batalhão da PM, major Carlos Alves, responsável pela área.
Em um levantamento que ainda será ampliado, pelo menos 13 endereços já foram listados pela PMEm um deles, na Rua Guajajaras, esquina com Bias Fortes, diante do Minascentro, os vizinhos sentem os efeitos da proximidade com o abandonoDono de loja de manutenção de balanças ao lado do imóvel, Renato Ribeiro, de 37, denuncia que a esquina se transforma em uma “cracolândia” à noite“Há 15 dias, houve uma briga entre eles e um viciado matou outro com uma facada”, disseO imóvel está desocupado há vários anos, segundo o comerciante, e o dono fechou todos os acessos com paredes, mas isso não impediu a invasão“O proprietário vem, manda retirá-los, mas eles voltam.”
Na Savassi, um prédio comercial e um antigo sacolão abandonados na Rua Fernandes Tourinho também entraram no circuito do medo
E não é preciso ir longe para descobrir que o problema é muito mais amploEm apenas um quarteirão da Avenida amazonas, o Estado de Minas identificou outros cinco imóveis invadidos que podem oferecer riscos, um ao lado do outro, nos números 1.751, 1.735, 1.711, 1.695 e 1.683A primeira casa é ocupada há 10 anos por Reginaldo Moreira, de 39, que cria 35 cães“O dono já tentou me tirar algumas vezes, mas não conseguiu”, disseAs outras casas tiveram portas e janelas fechadas com tijolos, mas buracos foram feitos por invasoresA vizinha Valéria Cristina de Souza, de 38, dona de lanchonete, não se sente segura“O barulho dos cães também incomoda muito
Responsabilidade
A Regional Centro-Sul da Prefeitura de BH informou que não compete ao município impedir a invasão de imóveis particularesO Código de Edificações estabelece em seu artigo 36 que proprietário de obras paralisadas ou de edificações abandonadas será diretamente responsável por danos ou prejuízos causados ao município e a terceiros em decorrência do abandonoSe a notificação não for cumprida, a multa é de R$ 9,3 milA Secretaria Municipal de Serviços Urbanos não dispõe de levantamento sobre o número de imóveis abandonados na capital
Na Rua Rio Grande do Norte, os responsáveis pelo casarão do número 1.022, que foi desocupado pela polícia, foram notificados pela Regional Centro-Sul para que providenciassem a limpeza do localPortas e janelas estão sendo fechadas com tijolos e cimento e duas caçambas de sujeira já foram retiradas.
Dona de uma lavanderia em frente, Viviane Oliveira conta que já consegue trabalhar mais tranquila, sem a presença dos invasores drogados que aterrorizavam a região“No dia seguinte à apreensão, alguns deles reapareceram, mas a PM reforçou o policiamento e eles foram embora”, conta VivianeO marido e sócio dela, Cleiton Ribeiro, conta que foram seis meses convivendo com o medo“Era um terrorEu não podia sair da loja, com medo de deixar minha mulher e a funcionária sozinhas”, disse Cleiton.
Os 16 menores apreendidos na casa voltaram para as ruas no dia seguinte, alguns no mesmo dia, segundo a soldado Daniele Randi, do Grupo Especializado e Atendimento à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco (Geacar), do 1º Batalhão da PM“Todos foram levados para abrigos, onde não são obrigados a permanecerAlgumas meninas já combinavam de jantar e deixar o lugar na mesma noite”, disseO grupo tem sido visto na Região Hospitalar.