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Estado de Minas

Quem vai pagar pelos prejuízos no Expominas?

Governo do estado e organizadores discutem responsabilidade pelos prejuízos causados com cancelamento do evento. Realização da Superagro, a partir do dia 7, é preocupação


postado em 29/05/2012 06:00 / atualizado em 29/05/2012 06:40

Nessa segunda-feira, operários desmontavam estandes da Bienal do Livro, cancelada depois do temporal de sexta-feira(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Nessa segunda-feira, operários desmontavam estandes da Bienal do Livro, cancelada depois do temporal de sexta-feira (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Quem vai assumir as perdas causadas pela encerramento antecipado da terceira edição da Bienal do Livro ainda é pergunta sem resposta. O evento, aberto dia 17 no Expominas, no Bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, foi encerrado sábado, dois dias antes do previsto, por risco de desabamento do forro do teto. A estrutura ficou encharcada depois da chuva de sexta-feira, quando a água vazou por furos feitos no telhado para a realização de uma obra para reparo de goteiras. Até nessa segunda-feira, a Fagga Eventos, organizadora da bienal, e a Companhia Mineira de Promoções (Prominas), responsável pelo espaço, ainda não tinham sequer o balanço da perda financeira sofrida pelos mais de 150 expositores. Enquanto as responsabilidades são apuradas, a direção do Expominas corre contra o tempo para não ter o cronograma de eventos comprometido. Já para o sábado está marcado o início da montagem dos estandes da feira agropecuária Superagro, que ocorre entre os dias 7 e 10. O problema é que os organizadores do evento não têm outra opção caso o Expominas não tenha condições de receber o público estimado em 10 mil pessoas a cada dia.

A alternativa mais viável para evitar o cancelamento da Superagro, segundo o diretor de operações da Prominas, Estevão Fiúza, é a contratação em caráter emergencial de uma empresa para retirar o que restou do forro dos pavilhões 1 e 2, onde ocorreu a Bienal do Livro. Quatro firmas foram convidadas a apresentar proposta de preço e hoje a selecionada deverá iniciar o trabalho. Paralelamente, operários ainda trabalhavam na desmontagem dos estandes da feira de livros.

“Decidimos suspender o evento no sábado por medida de segurança, o que não impede de trabalharmos para a retirada das placas do forro que restaram e eliminação do risco de acidentes. Perderemos em acústica e no refrigeração do ar, mas garantiremos a realização dos próximos eventos com segurança”, explica Fiúza. Ele esclarece ainda que o espaço não foi interditado pelo Corpo de Bombeiros. Segundo o assessor de imprensa da corporação, capitão Frederico, a decisão de proibir a entrada do público no Expominas no fim de semana foi uma recomendação técnica e preventiva. “Não temos como avaliar se houve erro na obra (de impermeabilização do telhado). Por bom senso, o Corpo de Bombeiros e a organização do evento entenderam que os eventos deveriam ser cancelados até que a situação fosse regularizada”, afirmou o capitão. Após a retirada das placas, os bombeiros voltam a fazer vistoria no espaço de aproximadamente 10 mil metros quadrados para averiguar as condições de segurança. A Fagga Eventos foi procurada nessa segunda-feira pelo Estado de Minas, mas informou que não iria se posicionar.

Técnicos do setor de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG) estiveram nessa segunda-feira no Expominas para apurar as causas do incidente. Além de checar a documentação da empresa e da obra, solicitaram esclarecimentos formais o responsável técnico da Via Técnica, empresa que executava as obras de impermeabilização no telhado. “Ainda é prematuro dizer se houve alguma falha no trabalho. Estamos reunindo documentos e vamos montar um processo para apurar tudo”, afirmou o gerente técnico e de Fiscalização do Crea, Renato Chaves. Segundo ele, a empresa está legal junto ao conselho. “Ela tem registro, responsável técnico credenciado e apresentou a anotação de responsabilidade técnica (ART), necessária para a realização da obra”, disse.

Dúvida

Entre os organizadores da Superagro, o clima nessa segunda-feira era de incerteza. “Tínhamos uma reunião ontem para definição do plano operacional do evento,  cancelada pela Prominas, já que eles estão trabalhando na busca de uma solução. Ainda não temos uma resposta”, afirmou Helder Coelho, diretor da empresa Panda Promoções, responsável pela organização do evento. Apesar disso, diz estar otimista. “Acredito que a retirada do forro será uma situação viável”. O superintendente administrativo e financeiro da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Silas Canedo, também aguarda um parecer. “Devemos ter uma resposta amanhã (hoje). Não temos plano B, até porque não teremos tempo hábil nem lugar para transferir o evento”, disse. A Superagro começa domingo no Parque de Exposições da Gameleira, anexo ao Expominas. A partir de 7 de junho, a feira ocupa também o Expominas. A expectativa é de que 70 mil pessoas compareçam ao evento.


Infraestrutura é insuficiente

Belo Horizonte poderia receber 30% mais eventos de grande porte não fosse a tímida infraestrutura da cidade para realização de feiras, shows e exposições. É o que garante o presidente do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de Minas Gerais (Sindetur), José Eugênio Aguiar, afirmando ainda que a capital tem demanda para pelo menos quatro grandes espaços. “Somente o Expominas é muito pouco. BH está atrasada em relação a outras capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e até mesmo Porto Alegre, que é de mesmo porte da capital mineira”, disse Aguiar.

O despreparo para competir na captação de eventos pode ser percebido com o ocorrido no fim de semana, quando a Bienal do Livro foi cancelada por problemas do teto do Expominas. “Ele é o único espaço de grande porte que a cidade tem. Caso seja interditado, para onde os eventos seriam transferidos?. Desta vez foi um problema no teto, e amanhã? Outro problema pode ocorrer”, pondera o presidente. Para ele, “o cancelamento da feira foi um vexame para Minas. Deixou uma imagem muito ruim para o estado”.

Apesar de concordar com Aguiar quanto à falta de espaços para eventos em Belo Horizonte, a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos de Minas Gerais (Abeoc), Mônica Ribeiro Monteiro, classifica como uma fatalidade o ocorrido no Expominas. “Se tivéssemos um centro de convenções dando problemas sempre, aí sim teríamos um impacto negativo dentro da proposta de transformar BH em um destino de negócios”, afirma.
 


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