Jornal Estado de Minas

Estrada ocupada

Ocupações também em ferrovias mineiras

Mateus Parreiras
O problema de invasões se repete nas estradas de ferro
Das 355 ocupações às margens de trilhos de ferrovias brasileiras, 17% estão em Minas Gerais, que conta com 59 áreas ocupadas irregularmenteSão trechos operados pela MRS, FCA e Vale“Essas invasões são, na grande maioria, oriundas da extinta Rede Ferroviária Federal S.A.”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, Rodrigo Vilaça“As invasões são prejudiciais para a segurança das comunidades, que correm riscos de acidentesAlém disso, prejudicam o desempenho operacional das ferroviasEm alguns trechos, é preciso reduzir a velocidade para 20, 10 e até 5 quilômetros por hora”, diz.

Depois de deixar o Barreiro, a estrada de ferro da MRS que leva a Ibirité cruza a parte urbana da cidade e chega ao Jardim Rosário, um bairro cortado pela via e que tem invasões a dois metros dos trilhosQuando chegou, há 14 anos, a cozinheira Maria Sebastiana Quirino, de 63, fez uma casa para ela, o marido e os quatro filhosTrocou o terreno invadido por uma casa também em local ocupado, na Favela Vila Ideal"Aqui, era mato puroO trem já passava, mas tinha menos viagens
Agora, à 1h da madrugada o apito acorda a gente", lembraOs anos se passaram, os filhos cresceram e foram construindo mais quatro casas no lote"Minha mãe reclama que o trem faz tremer tudo quando passa", conta o neto de 9 anos da cozinheira, Enderson Augusto Quirino da Silva.

Do tanque usado por sua mãe para lavar roupas o garoto vê composições da MRS descendo carregadas de minérioAcidentes são comuns"Vi um cavalo partido ao meio, um boi e dois homens atropelados", contaTirando a moradia sem custos, não há muitas vantagens na vida na invasãoO Bairro Jardim Rosário não tem transporte público, escola, esgoto ou comércios"Aqui fica longe de tudoNão tem lugar para comprar um palito de fósforoSe adoecer, pode esquecer
Meu sonho é me mudar", diz a cozinheira.