O caso do menino de dois anos que foi parar na Unidade de terapia intensiva (UTI) depois de ter recebido no hospital ácido em vez de medicamento e o do bebê que recebeu leite na veia no lugar de soro, na semana passada, não são acontecimentos isolados em Minas Gerais
O levantamento do SUS, que cobre todo o ano de 2011, considera como complicações da assistência à saúde os objetos estranhos deixados no corpo de um paciente, hemorragias durante cuidados cirúrgicos, falta de assepsia de instrumentos e instalações, medicamentos contaminados, erros de dosagem entre outrosA responsabilidade, no entanto, não recai apenas sobre médicos, uma vez que esses são procedimentos podem ser realizados também por enfermeiros e técnicos em enfermagem.
Pelo menos oito pessoas morreram em estabelecimentos do SUS em Minas Gerais no último ano devido a falhas na assistência médica e hospitalarNúmero que também é superior ao registrado em São Paulo, onde houve quatro óbitos, e aos do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, onde foram registrados apenas um casoA Bahia não tem ainda os números do ano passado sobre mortes por erros na assistência de saúde.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Gomes Soares, parte da culpa pelas infecções e repercussões negativas de cirurgias e tratamentos vêm da falta de condições de hospitais, tanto públicos quanto particulares“Às vezes o médico se submete a uma condição ruim para cumprir sua missão de salvar vidas, contra todos os problemasQuando os médicos pararem de atender é que o negócio vai complicar”, alerta.
Os números parecem ruins, mas representam uma melhora de 4% em relação ao ano anterior
Ao analisar os dados do SUS o presidente do CRM-MG afirma que grande parte das ocorrências são infecções hospitalares“A responsabilidade do médico é sobre os procedimentos que ele executaInstrumentação, aplicação de medicamento errado, vedação da área de trabalho para conter contaminação, tudo isso compete à instituição e aos enfermeiros e técnicos de enfermagem”, afirma“Toda vez que ocorre um erro médico, nós somos notificadosComo não tomamos conhecimento desses casos, certamente não nos competem”, salienta.
A reportagem procurou o Conselho Regional de Enfermagem para comentar os números, mas o órgão informou que só presta informações à imprensa até o meio-dia, período que funciona sua assessoria de comunicação.