Era para ser um presente de aniversário e a garantia de proteção de um dos símbolos de Belo HorizonteMas, com o anúncio de sete datas de inauguração em quatro anos, o Parque Serra do Curral se tornou motivo de descrença e símbolo do atraso e burocracia do poder públicoDesde dezembro de 2008, primeira previsão para a abertura da área verde de 397 mil metros quadrados, no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul, o parque passou por vários percalços: sofreu com a ação de vândalos e pichadores, teve parte de sua área destruída pelo fogo e encostas desmoronadas por causa da chuvaNesse período, até de nome o antes Paredão da Serra trocouA Fundação de Parque Municipais (FPM) afirma estar prestes a superar os entraves para a conclusão da área verde e promete inaugurá-la até o fim do ano.
De acordo com o presidente em exercício da FPM, Robson Ferreira, esta semana deverá ser assinado o contrato com a empreiteira que fará as obras de segurança, prevenção contra incêndio, contenção de encostas e drenagem no Parque Serra do CurralA necessidade das intervenções foi levantada apenas em 2010, depois que chuvas fortes desmoronaram encostas do maciço que emoldura a capitalNa época, a prefeitura contratou a Fundação Renato Azeredo para dar suporte às obras do parque e identificou falhas no sistema de drenagem e segurança das trilhas“A licitação com o vencedor foi homologada e falta somente assinar o contratoA empresa contratada tem o prazo de seis meses para entregaOu seja, não vai passar desse ano”, garante Ferreira.
O reforço na segurança e as intervenções no sistema de drenagem e contenção exigiram um aporte da prefeitura de R$ 600 mil no orçamento, além dos R$ 1 milhão previstos inicialmenteParte do recurso é bancado pelo Ministério do Turismo, com contrapartida da prefeitura
Mirante destruído
Em fevereiro de 2009, quando o parque estava praticamente concluído, vândalos invadiram o ponto turístico, que não era totalmente cercado, e quebraram todo o mirante principalSituado no alto da Serra do Curral, onde há uma vista panorâmica da cidade, o local ficou completamente destruídoNo chão, restaram apenas cacos de lâmpadas, janelas, privadas e até uma divisória de granito do banheiroCorrimãos e paredes também foram pichados e tudo precisou ser refeitoDepois disso, a FPM reforçou a segurança e disse ter cercado todo o perímetro da área verdeAlém disso, negociou com a construtora a reforma a custo zero, desde que não houvesse novamente depredação
A natureza também se encarregou de dar sua parcela para o atraso da inauguração do parquePassadas as tempestades de 2009, no ano passado, um incêndio consumiu 30 hectares do Parque Serra do Curral, o equivalente a 75% da área do parque
O parque se liga também à maior área verde da cidade, o Parque das Mangabeiras, com 2,8 milhões de metros quadradosA cobertura vegetal é heterogênea, com espécies de campo de altitude, cerrado, campo rupestre e vestígios de mata atlânticaMesmo com a espera de pelo menos 20 anos, quando pediram à prefeitura a criação de uma unidade de conservação, moradores da região não perderam a esperança
“A Serra do Curral é um elo importantíssimo de um corredor ecológico que parte da Mata da BaleiaInsistimos na criação desse parque e lamentamos que a prefeitura, em vez de cuidar de acelerar as obras da área verde, fique liberando eventos que põem esse patrimônio em risco”, afirma o presidente da Associação de Moradores do Mangabeiras, Marcelo Franco.
Como ficou?
A integração dos parques
Projeto fora de pauta
O projeto que iria integrar os parques das Mangabeiras, Serra do Curral, Estadual da Baleia, na Região Leste, e o Fort Lauderdale, no Bairro Sion, num complexo de 5 milhões de metros quadrados, com direito a teleférico, não tem previsão para sair do papelDe acordo com o presidente em exercício da Fundação de Parques Municipais (FPM), Robson Ferreira, a prioridade agora é a inauguração do Parque Serra do Curral “O projeto do complexo não está em pauta neste momento”, afirma.