Jornal Estado de Minas

Envolvidos no maior assalto da história de Minas prestam depoimento à polícia

Detalhes da investigação são mantidos em absoluto sigilo, já que a polícia tenta capturar os demais envolvidos no roubo de R$ 46 milhões da Embraforte

Daniel Silveira

Na chegada ao Deoesp, os suspeitos, que não tiveram os nomes revelados, evitaram mostrar o rosto - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press

 

Depois de mais de um ano e meio de intensas investigações, a Polícia Civil de Minas Gerais começa a capturar os integrantes da quadrilha responsável pelo maior assalto da história do estado, quando foram roubados cerca de R$ 46 milhões da Embraforte Transportes de Valores, sediada no Bairro Ouro Preto, Região da Pampulha, em Belo HorizonteNesta quinta-feira foram ouvidas as cinco pessoas presas durante operação policial deflagrada para deter os envolvidosSegundo a polícia, dos cinco presos, quatro participaram diretamente do assalto, atuando como mentoresA quinta pessoa envolvida é uma mulher que teria sido responsável por alugar um imóvel para o grupo na Grande BH durante a execução do crime.

Os detalhes da operação, batizada de Ferrugem, bem como os nomes dos cinco envolvidos presos são mantidos em absoluto sigilo pela Polícia Civil, que afirma estar dando andamento nas diligências realizadas para identificar e prender os demais integrantes da quadrilha, além de tentar reaver a quantia milionária que foi roubada da empresaÀ época do crime, a polícia informou que cerca de 30 criminosos participaram da açãoOs próprios investigadores chegaram a definir o assalto como fruto do trabalho de pessoas com elevado nível de inteligência.

Confira imagens da chegada dos envolvidos ao Deoesp

Das cinco pessoas presas, apenas uma foi encontrada em Minas Gerais, na cidade de São João del Rei, no Campo das VertentesAs outras quatro foram presas nos municípios do interior paulista de Itanhanhém, Suzano e Praia GrandeSegundo a Polícia Civil, todos foram presos em caráter temporário por meio de mandados de prisão expedidos pela Justiça mineira.

Os cinco foram transferidos para a capital mineira no fim da noite dessa quarta-feiraEles foram levados diretamente para a sede da Divisão de Operações Especiais (Deoesp), no Bairro Gameleira, Região Oeste de BHA polícia não informou para qual carceiragem eles foram levados.

A operação que culminou na prisão dos cinco envolvidos foi realizada pelo Deoesp e pelo Grupo de Combate às Organizações Criminosas (GCOC) da Polícia Civil de Minas, que atua em conjunto com a Promotoria de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Estadual (MPE)Por causa da necessidade de sigilo, enquanto os demais criminosos são procurados, a polícia não divulgou o teor dos depoimentos colhidos nesta quinta-feira.

Relembre o crime

O assalto à Embraforte, ocorrido em setembro de 2010, impressionou a polícia mineira que, à época, chegou a considerar que a ação criminosa foi melhor articulada que o assalto ao Banco Central de Fortaleza, ocorrido em agosto de 2005, quando foram roubados mais de R$ 164,7 milhões
O grupo planejou todo o passo-a-passo para garantir sucesso no rouboFortemente armado, o grupo se dividiu para capturar reféns e executar o plano.

Veja como a ação foi executada

No dia anterior ao assalto, os criminosos sequestraram o coordenador de segurança da empresa, a mulher dele e o filho de 7 anos, o tesoureiro e mais três pessoas ligadas à empresaTodos foram levados para um sítio alugado pela quadrilha em Ribeirão das Neves, na Grande BHAmarrados com lacres plásticos e presos às pernas de uma mesa, os reféns foram obrigados a gravar um vídeo implorando para que fossem mantidos vivosNas imagens, um dos criminosos, usando uma máscara, segurava uma granada ameaçando matar todos caso não fossem cumpridas as exigências do grupo.

Assista ao vídeo gravado pelos criminosos:


Na manhã do dia 4 de setembro, um sábado, os funcionários que eram mantidos reféns foram levados para a sede da empresa pelos criminosos, que usavam ternos e exibiam brasões da Polícia FederalNenhum tiro foi disparado durante a açãoTrês veículos, um Corola, um caminhão e uma Kombi, foram usados na fuga do grupo, que saiu da empresa levando os computadores que armazenavam as imagens das câmeras de circuito interno de segurançaPouco depois do assalto, os reféns foram libertadosSegundo a polícia, todas as vítimas relataram, em depoimentos, que os integrantes da quadrilha tinham sotaque paulista ou carioca.