Jornal Estado de Minas

Casarão centenário será restaurado em Paracatu

A casa que abriga rico acervo da antiga Villa Paracatu do Príncipe e raros objetos do século 18 é ameaçado pela chuva. Restauração depende de recursos federais

- Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press.

Paracatu – Quase um ano e meio depois de o núcleo colonial de Paracatu ter sido tombado como patrimônio nacional pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), moradores e visitantes que chegam ao museu da cidade, a 580 quilômetros de Belo Horizonte, lamentam o estado do interior do imóvel, um dos principais cartões-postais do Noroeste de MinasAlgumas paredes já perderam o reboco, o piso de madeira foi danificado e até goteiras, durante as chuvas, molham o interior da centenária construção, erguida em 1903 para sediar o mercado municipal.

A situação do museu é um contraste tanto ao título recebido do Iphan quanto ao rico acervo exibido no localUm dos principais objetos é o exemplar do Livro de Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora do Amparo, datado de 1765 e cuja capa, em veludo, tem como destaque uma fechadura de metalMas várias outras peças despertam encantos nos visitantes, como imagens sacras esculpidas em madeira no século passado, por artesãos da regiãoO imóvel ainda abriga fotografias e documentos antigos e moedas do período imperial, cunhadas em 1868, 1871, 1885 e 1887.

A socióloga Maria Emília Meireles, de 24 anos, de Brasília, é uma dos turistas que fazem questão de passear no museu quando visita familiares em ParacatuCom paciência de quem tem tempo de sobra para olhar e ler sobre os objetos raros, ela percorre todos os cômodos do prédioE diz que sempre se encanta com o rico acervoA jovem não dispensa elogios à conservação e importância das peçasMas lamenta a situação precária da estrutura interior do imóvel: “Todo museu ajuda a preservar a históriaA arquitetura deste imóvel me chamou muita atençãoÉ bonita, mas o piso e as paredes…”.

JAZIDAS

Maria Emília foi ao antigo mercado em companhia do primo, Gustavo Resende, de 13, morador de Paracatu

A pouca idade não o impediu de reivindicar reparo na edificação: “É um acervo bonito, que não para de crescerHá novidades em relação à última vez que estive aqui, há poucos anosMas o prédio precisa ser reparado.” Ele ressalta que o museu é um dos principais endereços do Centro antigo da cidade, que, no período colonial, foi elevada à Villa Paracatu do Príncipe.

O arraial que deu início ao município começou a ser povoado entre 1690 e 1710Paracatu foi o lugarejo em que a coroa portuguesa encontrou as últimas jazidas do ciclo do ouroPor isso, também na época do Brasil colônia, Paracatu do Príncipe também era conhecida como a Princesa do SertãoO ouro ajudou no desenvolvimento do município, que atualmente abriga duas grandes empresas: a canadense Kinross, que explora uma mina do metal precioso lá, e a Votorantim, que extrai zincoO agronegócio é outro setor que gera riqueza na região.

REFORMA Mas o turismo também é forte no município, hoje com cerca de 85 mil habitantesA Prefeitura de Paracatu reconhece que o museu precisa ser reformadoO Departamento de Comunicação da administração informou que o município contratou um projeto arquitetônico para o local e que a obra de restauração está orçada em cerca de R$ 400 milO dinheiro será liberado por meio da emenda parlamentar
Porém, ainda não há data definida para o início e a conclusão da obra.

CHAFARIZ E IGREJA

O núcleo antigo de Paracatu abriga vários pontos turísticosUm deles, o chafariz da Traianna (foto), fica bem em frente ao museu municipalO local é um tributo barroco assinado pelo artista plástico Fábio FerrerNo alto do chafariz, a imagem de uma mulata escrava dá maior charme ao endereçoDiz a lenda que tal mulher despertava desejos nos fidalgos enquanto percorria os becos do lugarejoA boa conservação do chafariz, porém, contrasta com o interior do casarão que abriga o museuOutros atrativos do núcleo histórico, como a Igreja Matriz de Santo Antônio, em estilo barroco-jesuítico, também estão bem conservadosO templo fica a cerca de 200 metros do chafariz e do museuEm frente, uma praça bem arborizada e alguns bancos são um convite ao descanso.