Jornal Estado de Minas

Passageiros e motoristas inventam alternativas para fugir dos impactos da greve

Alguns deixaram o carro em casa, outros enfrentaram o engarrafamento e quem precisa de ônibus contou com o metrô

Luana Cruz
Trânsito na Avenida Cristiano Machado por volta de 6h desta segunda-feira - Foto: Sidney Lopes/EM DA Press
Na manhã desta segunda-feira passageiros e motoristas se sacrificaram e saíram da rotina por causa da greve de rodoviáriosA paralisação deixou impactos não só para o transporte coletivo, mas também afetou o trânsito da capital

Veja fotos da greve

O mecânico Leonardo Cândido, 30, que mora em Venda Nova e trabalha de carro, levou 2 horas e 30 minutos para chegar ao Centro de Belo HorizonteEle geralmente faz o trajeto em 1 hora 20 minutosSegundo ele, o trânsito ficou impraticável nas avenidas Vilarinho e Cristiano Machado.

A cozinheira Dirlane Diniz Moreira Alves, 60, mora no Bairro Maria Helene, em Venda Noca e trabalha no Belvedere, na Região Centro-Sul de BHEla normalmente segue de ônibus do seu bairro até a Estação Venda Nova e pega um coletivo até o destino finalHoje, a cozinheira precisou fazer um trajeto alternativoEla foi de ônibus até a Estação de metrô Vilarinho, foi de trem até o Centro e pegou outro coletivo para o BelvedereAlves reclamou do cansaço no itinerário

Um morador do Bairro Tupi, na Região Norte de BH, desistiu de ir trabalhar de carro por causa do trânsitoO garçom, Welington Souza, foi de carro até a Via 240, mas quando percebeu o engarrafamento na Cristiano Machado voltou para casa
Ele deixou o veículo em casa e foi a pé até a Estação São GabrielGastou 35 minutos na caminhada, mas disse que valeu a penaNo terminal ele pegou o metrô até o Centro de BH, onde trabalha

Passageiros devem se preparar para mais transtornosDe acordo com presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH), Ronaldo Batista, não há previsão de assembleia da categoria para votação de pautas e negociações

Motoristas e cobradores iniciaram a paralisação à 0hApenas em BH, 1,6 milhão de passageiros podem ser prejudicados ao longo do dia com a parada de mais de 3 mil coletivosA categoria revindica reajuste salarial de 49%, 30 folhas de tíquete-alimentação de R$ 15, a instalação de banheiros femininos nos pontos finais, participação nos lucros e resultados (PLR) e uma jornada de trabalho de seis horas diáriasOs sindicatos das empresas de ônibus propõem reajustar em 13% o salário dos motoristas e trocadores - condicionado ao aumento de 20 minutos na jornada de trabalho diária - e de 9% para a manutenção e administração

As empresas também oferecem um aumento de 6% no ticket-alimentação, R$ 150 na participação dos lucros (para quem ganha até R$ 1.000), e R$ 300 para quem recebe acima desse valor
Outra proposta aos motoristas e trocadores é o aumento de 6%, sem mudança na carga horária

(Com Valquíria Lopes)