Três dias depois que ladrões arrombaram a Igreja Matriz de Santo Antônio, em Itacambira, uma providência emergencial tenta colocar cadeado nas portas que protegem o patrimônio religioso mineiroO sistema de alarme de 40 igrejas, santuários e sítios tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) de Minas Gerais começou ontem a ser reativado em regime de emergênciaA falta de renovação do contrato com a Alvo Segurança Ltda, em 2011, fez com que todos os locais tivessem seus equipamentos de vigilância desligadosA falha administrativa deixou um acervo centenário de peças sacras e históricas de valor inestimável vulnerável à ação de criminosos, como denunciou em sua edição de ontem o Estado de MinasOutra medida tomada às pressas foi requisitar reforço no policiamento em cidades que abrigam acervo tombado.
O anúncio do contrato emergencial foi feito pelo Iepha, que ontem comunicou ao coordenador das promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), promotor Marcos Paulo de Souza Miranda, sobre a regularização dos sistemas“Recebi um telefonema do presidente do Iepha (Fernando Viana Cabral) e ele se comprometeu a firmar um contrato de emergência de 90 dias para o programa Minas para Sempre, até que contratos regulares sejam restabelecidosA situação não podia ficar como estava”, declarou o representante do Ministério Público.
O instituto de patrimônio estadual se manifestou apenas por meio de nota e não deu informações mais detalhadas sobre a providênciaNo texto divulgado ontem, o Iepha sustenta que a empresa de segurança já começou a providenciar a regularização dos equipamentos “A pedido da Secretaria de Estado de Cultura, por meio do Iepha, a Secretaria de Estado de Defesa Social reforçará a segurança desses imóveis durante o período de carnaval, quando é grande o fluxo de turistas nos municípios mineiros”, diz o comunicado.
Contudo, o tempo que os locais que abrigam acervo histórico ficaram desprotegidos foi suficiente para que mais peças fossem roubadas, engrossando a estatística que estima em 60% o patrimônio móvel já dilapidado no estadoO último alvo foi a Matriz de Itacambira, no Norte de Minas, que teve cerca de 20 peças levadas, entre elas imagens do século 18 de São Vicente Ferrer, São Miguel, Sant’ana Mestra, São Sebastião e Santo AntônioComo os demais templos mineiros, a igreja estava com o sistema de segurança desativado
“São perdas inestimáveis para nosso patrimônioO valor das peças e imensurávelÉ lamentável que isso tivesse de ocorrer para que o estado providenciasse a segurança do patrimônio”, criticou o promotor Marcos Paulo de Souza Miranda“Agora, nos resta rastrear as imagens que foram levadas pelos bandidos”, disse Interpol, polícias rodoviárias Federal e Estadual, além da Infraero, receberam alertas sobre o material roubado e as investigações já teriam identificado rastros da quadrilha, mas ainda não houve prisões
Barreira eletrônica
Além desses 40 pontos iniciais, a ideia é que o sistema seja expandido gradativamente, inclusive com o incremento de videocâmeras, com gravação remota, detectores de fumaça e sistemas de combate a incêndio e pânico nos bens que ainda não contam com esse recurso.
Porém, como confirmou ontem o Estado de Minas, a segurança eletrônica está longe de cobrir todo o acervo histórico mineiro
Denuncie
Quem tiver informação sobre a localização de peças roubadas do patrimônio mineiro deve entrar em contato com o Iepha/MG, pelo telefone (31) 3235-2813 ou pelo site www.iepha.gov.br.