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Estado de Minas

Mulheres pedalam menos que os homens em Belo Horizonte

Mais de 90% dos ciclistas que usam rotas exclusivas em Belo Horizonte são homens. Grupo que reúne amantes de bicicletas luta para ampliar a presença feminina nas ciclovias


postado em 12/02/2012 07:50 / atualizado em 12/02/2012 08:18

Para nós, ainda não é viável usar a bicicleta como transporte, mas ganhamos saúde - Eliete Santos, que anda de bike com a mãe na Via 240(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Para nós, ainda não é viável usar a bicicleta como transporte, mas ganhamos saúde - Eliete Santos, que anda de bike com a mãe na Via 240 (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)

As mulheres são maioria na capital mineira, representando 53% da população belo-horizontina, mas perdem de lavada a soberania no território dominado por bicicletas. Homens reinam absolutos nas ciclovias de BH e respondem por mais de 90% de seus frequentadores. Contagem de ciclistas feita pelo Estado de Minas, na pista para bike da Rua Professor Moraes, conhecida como Rota da Savassi, na Região Centro-Sul, mostra que a presença feminina se restringe a 4% dos usuários da via. Num intervalo de quatro horas, das 8h às 12h, do total de 26 bicicletas que cruzaram o corredor, uma era dirigida por mulher.

Na Avenida Risoleta Neves, conhecida como Via 240, que corta os bairros Primeiro de Maio, Aarão Reis e Providência, na Região Norte de BH, a participação também é pequena. Em quatro horas, apenas três mulheres conduziam as 37 bicicletas que passaram pelo local, o que corresponde a 8%. Estudo feito pelo grupo Mountain Bike BH, com base na metodologia do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, na sigla em inglês) e a pedido da BHTrans, antes da implantação das ciclovias já apontava a predominância masculina na direção das bikes.

A medição abrangeu seis rotas que receberiam ciclovias e mostrou que a participação dos homens representava mais de 90% dos usuários do meio de transporte. De acordo com o integrante do Mountain Bike BH Humberto Guerra, participante do estudo e defensor das bicicletas, o trânsito de Belo Horizonte ainda é muito hostil ao ciclista, fator que pode contribuir para afastar as mulheres do meio de transporte. “Trata-se também de uma atividade física que demanda esforço e pode dar a sensação de que é muito pesada para o dia a dia”, opina.

Apesar disso, há um grupo empenhado em mudar essa imagem. Há cerca de um ano, mulheres que adotaram o ciclismo como filosofia de vida criaram o Pedal de Salto Alto, formado apenas pelas amantes da bicicleta empenhadas em trazer mais companheiras para a turma. O grupo, que começou com 10 integrantes, já consegue reunir nas pedaladas até 60 ciclistas e promove passeios ciclísticos cuja marca principal é o salto alto junto ao pedal, para mostrar que bicicleta combina com beleza e vaidade.

Mudança de imagem “Acredito que a mulher veja a bicicleta como um esporte agressivo, que pode trazer empecilhos como um pneu furado. E, se usada como meio de transporte, acho que muitas têm medo do nosso trânsito louco e também de ser assaltadas”, conta a promotora de eventos ciclísticos e pedagoga Denise Cruzeiro, de 46 anos, uma das integrante do Pedal de Salto Alto. Adepta do meio de transporte desde 2004, ela batalha para derrubar essa imagem masculinizada da bicicleta. “É possível ir trabalhar, fazer uma compra; enfim, usar a bicicleta no dia a dia”, defende Denise.

Mãe e filha, Eliete e Yanca Silva Santos, de 47 e de 15, fazem parte da parcela ainda acanhada de mulheres que aderiu à bike. Pelo menos três vezes por semana as duas suam a camiseta na Avenida Risoleta Neves, conhecida como Via 240. Com 2,2 quilômetros de extensão, a ciclovia foi implantada há quase seis meses na via e, desde então, a dupla resolveu adotar a bicicleta como atividade física. “Aqui na ciclovia andamos com segurança, pois antes, sem espaço definido, era perigoso. Para nós, ainda não é viável usar a bicicleta como transporte, mas ganhamos saúde”, afirma Eliete, com todo fôlego.

Enquanto isso...
...Interdição por obra na Professor Moraes
Quase seis meses depois de inaugurada, ciclovia da Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, encolhe quase um quarteirão. O motivo é a obra do Hotel Holiday Inn na Rua Professor Moraes, entre as ruas Antônio de Albuquerque e Tomé de Souza, bem em frente à ciclovia. A faixa exclusiva para bicicletas foi transformada temporariamente em estacionamento para carga e descarga. Com isso, os blocos usados para demarcar a pista foram retirados, para dar lugar a caminhões e veículos pesados. A mudança desagradou aos frequentadores. A BHTrans informou que houve um acordo com a Patrimar, construtora responsável pelo hotel, que vai construir rota alternativa nas ruas Tomé de Souza e Rio Grande do Norte e, depois das obras, refazer o trecho da Professor Moraes. O hotel tem previsão para ser inaugurado para a Copa’2014.


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