Jornal Estado de Minas

Tragédia no Anel Rodoviário completa um ano sem punição

Vítimas ainda aguardam por justiça

  Motorista da carreta ainda aguarda o julgamento em liberdade - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 28/1/11

 

O acidente que matou cinco pessoas e feriu 18 no Anel Rodoviário completa um ano neste sábado e o caminhoneiro responsável, Leonardo Faria Hilário, de 25 anos, continua em liberdade e sem previsão para ser julgadoPara os familiares das vítimas, os condenados até agora continuam sendo eles, que não conseguem superar as perdas e nem os traumasO processo tramita no 1º Tribunal do Júri de Belo Horizonte e a Justiça depende da pronúncia do juiz Guilherme Queiróz Lacerda para mandar o motorista ao banco dos réusO acusado continua em liberdade em Mundo Novo (MS)


O Ministério Público defende que Leonardo seja julgado por homicídios com dolo eventual, por considerar que ele não teve a intenção de matar, mas assumiu o risco de causar o acidente e provocar as mortes pela sua condutaLeonardo dirigia uma carreta bitrem a 115km/h, transportando 40 toneladas de carga, e fazia manobras imprudentesLaudo da perícia comprovou que a carreta estava a uma velocidade 50% acima do permitido no trecho.

De acordo com a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, já foram feitas duas audiências de instrução para interrogatórios do réu e de testemunhas Atualmente, o processo está na fase de alegações finaisO motorista foi denunciado pelo Ministério Público por cinco homicídios dolosos e 20 tentativas de homicídioNo acidente, morreram Ana Flávia Miglioranca Gibosky, de 2 anos, Marcelo Ferreira dos Santos, de 12, a avó dele, Maria da Conceição dos Santos, de 60, Márcia Iasmine de Azeredo Villas Boas Sales, de 44, e Eduardo de Souza Oliveira, de 40Ficaram feridos, além de Laura Gibosky, outras 11 pessoas

Leonardo Faria Hilário foi autuado em flagrante por homicídio doloso eventual e esteve preso por duas vezes, mas foi liberado e aguarda o julgamento em liberdade.

Dor


Para o servidor público Ricardo Wagner de Rodrigues Carvalho, de 45, pai de Laura Gibosky, de 4 anos, um ano depois da tragédia muito pouco foi feito“Seja em relação ao motorista, seja em relação ao Anel RodoviárioA redução de acidentes no ano passado foi mínima se comparado aos anos anterioresTomaram medidas paliativas e sem benefícios concretos”, disse Ricardo

A sobrinha de 2 anos dele morreu e a filha Laura Gibosky passou 159 dias internada, sofreu traumatismo craniano, chegou a ser desenganada pelos médicos, passou por seis cirurgias e continua sem se movimentar ou falar, segundo o pai“A família que tínhamos anteriormente, não temos mais, diante da perda de um ente querido e da situação da nossa filhaNão tem jeito de virar a páginaÉ uma sequela que vamos levar para o resto da vida”, disse RicardoPara ele, o último ano foi de muita luta, reflexões e indignação.


Novos radares

A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) informou que aumentaram de oito para 17 os radares no Anel Rodoviário, painéis informativos foram instalados e a fiscalização reforçadaA PMRv considera as medidas paliativas, até que sejam feitas obras de melhoria da via.