Jornal Estado de Minas

MP pede proteção ao patrimônio no carnaval

Patrimônio de cidades históricas é motivo de preocupação durante a celebração momesca

Casarões de Ouro preto são cercados por foliões - Foto: Renato Weil/EM/D.A Press - 8/3/11
Carnaval é sinônimo de alegria e irreverência, mas também pode significar uma ameaça ao patrimônio cultural, principalmente nas cidades coloniais mineirasPara proteger os monumentos da depredação, o Ministério Público estadual (MP) divulgou nessa quarta-feira as recomendações para Ouro Preto, Diamantina, São João del-Rei, Tiradentes e Sabará, entre outras cidades que recebem milhares de visitantes para a festa de Momo.

De acordo com a Promotoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas, as festividades de carnaval são comuns em vias públicas de núcleos históricos ou no entorno de bens culturais protegidos, o que pode causar agressões ao patrimônio“Os riscos podem ser diminuídos com o cumprimento de regras básicas de segurança e fiscalização”, afirma o coordenador da Promotoria, Marcos Paulo de Souza Miranda.

Segundo ele, deve-se coibir a emissão de ruídos acima dos limites legais pois, segundo o MP, eles causam trepidação das paredes, telhados, portas e janelas das edificações antigas devido ao deslocamento das ondas sonorasA aglomeração excessiva de pessoas em ruas estreitas e praças das cidades históricas também pode levar à dificuldade de evasão rápida em caso de tumulto

Também é preciso evitar a retirada da pavimentação para instalação de palcos, arquibancadas, caixas de som, telões e similaresA colocação de barracas para vendedores ambulantes pode gerar um consumo de energia acima da capacidade para o local e as famosas “gambiarras” também podem representar perigo

Os municípios devem ficar atentos à coleta de lixo e instalação de banheiros químicos para o públicoO reforço na segurança também é fundamental, para evitar atos de vandalismo decorrentes do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e de entorpecentesRepresentantes do Ministério Público em todo o estado que atuam na área do patrimônio foram orientados a cobrar providências dos municípios.

Casa legal
Diamantina, no Alto Jequinhonha, espera receber 30 mil turistas por dia no carnavalMuitos deles preferem alugar casas no Centro Histórico e, para dividir os custos, normalmente a capacidade de pessoas ultrapassa os limites de segurança, tanto para os foliões quanto para os imóveis Pensando nisso, a prefeitura da cidade criou o selo Casa Legal, para disciplinar a locação de casas na temporada do carnaval e evitar a superlotação que pode impactar a infraestrutura urbana
Para o dono do imóvel, o projeto também representa tranquilidade.

A prefeitura também vai pegar pesado com quem abusar do barulhoQualquer imóvel da cidade que colocar som mecânico acima dos níveis permitidos poderá ser multado de R$ 300 a R$ 1,5 milMulta também para quem colocar som alto no carroPara proteger o patrimônio histórico de depredações, o Mercado Municipal, antigo rancho dos tropeiros, erguido em 1835, será isolado para evitar o acesso de foliõesTodo o Centro Histórico também será monitorado por câmeras do sistema Olho Vivo

Memória

Tragédia no interior

Em 27 de fevereiro do ano passado, uma tragédia acabou com o pré-carnaval da cidade de Bandeira do Sul, no Sul de Minas, município a 440 quilômetros de Belo HorizonteDurante o desfile de um trio elétrico do Carnaband 2011 fios da rede de alta tensão se romperam e atingiram dezenas de foliões, matando 16 pessoas eletrocutadas e ferindo 55 Dançarinos e foliões que estavam sobre o carro ficaram feridos e caíram em chamas de uma altura de pelo menos três metrosDe acordo com a inquérito policial, a tragédia aconteceu por uma sequência de acidentes, o que levou a Polícia Civil a não apontar culpados pelo acidente.