Jornal Estado de Minas

Restauração do Colégio Arnaldo preserva história de Belo Horizonte

Junia Oliveira
As obras na parte externa redescobrem estilos originais do prédio - Foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press

Nas mãos dos operários, as espátulas removem camadas de tinta e concreto, num trabalho árduo e minuciosoA cada vez, revelam-se no muro os tijolinhos em tom marrom, testemunhas de uma história encoberta há tempos por reformas e novos estilosNo ano do centenário, o Colégio Arnaldo, um dos mais tradicionais de Belo Horizonte, volta ao passado para se mostrar ainda mais imponente ao resgatar a história originalEsta semana, quem passar pela confluência das avenidas Brasil, Carandaí e Bernardo Monteiro, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital, vai notar algo diferenteA fachada começa a receber as cores em tom bege, de 100 anos atrás.

O estilo arquitetônico do prédio é o ecléticoO colégio foi construído no início do século 20 e tem diversas influências, principalmente mourisca (árabe), verificada nos domos metálicos dos vértices da edificaçãoA restauração é resultado do plano diretor apresentado ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural MunicipalComo o prédio foi tombado pelo município há 15 anos, qualquer intervenção precisa de cuidadosa análise técnica e de autorização especial.

A reforma tem orçamento de cerca de R$ 6 milhões, segundo o assessor da direção do colégio João Guilherme PortoPor enquanto, estão sendo feitas as obras apenas da parte externa da instituição, já que os recursos não foram levantados.

OBRA DE ARTE A parte de alvenaria está avançada e estão sendo feitos reparos também nas janelasNos detalhes da arquitetura, será preservada a cor branca“Tivemos o projeto aprovado na lei estadual por dois anos, mas não conseguimos captar o dinheiro
Estamos caminhando na lei federal, mas o resultado ainda não saiu”, dizHoje, o único apoio é de uma fabricante de tintas, que doou o material da pinturaAinda está no papel a restauração do teatro, com capacidade para cerca de 500 pessoas.

Entre os ex-alunos, há nomes ilustres, como os escritores Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Guimarães Rosa (1908-1967), o cirurgião plástico Ivo Pitangui, o ex-prefeito de BH e ex-ministro Patrus Ananias, os músicos Toninho Horta e Fernando Brant, juristas e empresários“Estamos falando em preservar a história da cidade, do estado e até do país”, ressalta Porto.

O supervisor de logística da escola, Elias Aparecido de Resende, afirma que as obras devem durar pelo menos mais seis mesesOutras discussões sobre o restauro deverão passar pelo crivo do patrimônio histórico“Esse é um presente para toda a cidadeNo colégio, não parece que estamos em pleno século 21Só andando pelos corredores e salas para sentir o piso, as paredesIsso aqui é uma obra de arte”, resume.

Além da restauração, o centenário do Colégio Arnaldo prepara uma série de eventos comemorativosEstá previsto um livro com a história dos 100 anos, um torneio intercolegial e um ciclo de palestras
A ideia é promover, mensalmente, debates entre um ex-aluno ilustre e o público externo