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Estado de Minas

A vida na emergência do HPS de Belo Horizonte

Médicos, enfermeiros e assistentes sociais do HPS enfrentam desafio diário de tratar mais de 400 pacientes, muitos deles em estado grave. Lidar com traumas exige decisões rápidas


postado em 21/01/2012 06:00 / atualizado em 21/01/2012 07:13


O chefe de enfermagem José Flora da Silva trabalha há 27 anos no João XXIII e destaca a estrutura para casos de extrema urgência:
O chefe de enfermagem José Flora da Silva trabalha há 27 anos no João XXIII e destaca a estrutura para casos de extrema urgência: "Tempo é vida" (foto: cristina horta/EM/D.A Press)


O movimento é intenso em ponto famoso da Avenida Alfredo Balena, no Bairro Santa Efigênia. Tarde comum de emergência no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), referência nacional em traumas físicos de todas as urgências. Mais um dia de trabalho para o coordenador de enfermagem José Flora da Silva, de 63 anos, que dá expediente diário das 13h às 20h30 na “casa da salvação”. São 27 anos de histórias que o marcaram profundamente. Casado, pai de dois filhos – Thyago, de 26, e Polyana, de 27 –, diz que, ali, vive uma lição diária de profissionalismo. Relembra casos que movimentaram muito o HPS, como o velório de Tancredo Neves, em 1985, na Praça da Liberdade, quando muitas pessoas passaram mal na fila para ver o corpo do presidente e tiveram que ser atendidas às pressas e foram levadas para o hospital. Cita caso trágico que resultou na morte de 20 pessoas. “Elas chegaram a ser atendidas, mas não resistiram às graves queimaduras causadas por explosão de botijão de gás. Foi no Mineirinho, durante uma festa de confraternização religiosa”, relembra.

José Flora deixa o passado para falar da estrutura de eficiência para casos de extrema urgência com heliporto e equipes prontas para cirurgia de qualquer natureza. “Tempo é vida. São casos que chegam a reduzir o tempo de resgate e atendimento de duas horas para 8 ou 10 minutos”, diz. Cita o caso do salvamento da menina Laura Gibosky, de 5 anos, acidentada no Anel Rodoviário em janeiro do ano passado e levada de helicóptero para o HPS. Mostra a estrutura física de atendimento com dois planos de remoção do heliporto para os blocos cirúrgicos. A assistente social Flávia Pereira Lage Barbosa, de 55, há três décadas no João XXIII, na recém-criada “sala de acolhimento”, fala de outros milagres. Cabe a ela, entre outras tarefas, dar as más notícias e auxiliar familiares. Conta que certa vez foi chamada por médico para tomar providências em relação a um paciente de 17 anos que, sem falar ou andar, “vegetaria”. “Chamava-se João. Ficou meses no hospital. Um dia, passei por ele e o toquei. Ele me disse ‘oi’. Isso foi há 24 anos e jamais me esqueci.”

Relembra outros casos e diz com orgulho da solidariedade e do compromisso dos funcionários da casa com a causa “vida”. “Quando ocorre algum caso mais grave, envolvendo muitas vítimas, toda a população do João XXIII se apresenta. Quando não comparecem, as pessoas ligam para saber se é preciso que venham.” Rodrigo Faleiro, médico de Laura Gibosky, diz que o HPS vem crescendo muito também em tecnologia. “Quando falamos em serviço público, tem gente que pensa que falta equipamento. No João XXIII, quando recebemos médicos de outros estados e também do exterior, todos ficam muito bem impressionados com a estrutura do hospital.” Raul Starling, por sua vez, lembra que atuar na emergência exige respostas rápidas. “Em medicina, quando há tempo, você pode consultar um livro. No trauma, você tem que saber”, diz. Assim como os colegas de vocação e profissão Eduardo Cerqueira, Raul Starling e Jair Raso, Rodrigo Faleiro tem o brilho da vida na retina e não esconde o prazer de trabalhar pelo salvamento sem distinção. Pelas suas mãos, entre a luz e a escuridão, passaram crianças e bandidos da pior estirpe.


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