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Estado de Minas

Especialistas mostram que é possível construir respeitando a natureza

A convite do EM, seis especialistas percorreram a cidade e mostraram como é possível contruir em locais que privilegiam o bem-estar dos moradores


postado em 15/01/2012 08:38

Há lugares ideais para se morar em Belo Horizonte, que sejam seguros, protegidos das enchentes, inundações e deslizamentos de terra? A resposta é sim. Para tentar encontrá-los, o Estado de Minas saiu às ruas com o geobiólogo Allan Lopes, os arquitetos Adriana Gontijo e Carlos Solano, o urbanista André Buarque e os construtores Eduardo Moreira e Ricardo Alfeu. Eles não só apontaram lugares que privilegiam o bem-estar dos moradores como as mudanças necessárias para que não ocorram mais desabamentos como os dos prédios dos bairros Buritis, na Região Oeste, e Caiçara, na Noroeste. Sob risco de desabamento também estão casas e prédios em bairros nobres, como Mangabeiras, Sion, São Bento e Belvedere, localizados na Região Centro-Sul.

Além de declividade do terreno, escoamento de água e outros parâmetros topográficos e geológicos, esses profissionais propõem um equilíbrio entre o concreto e o verde; entre os ambientes da moda (como varanda gourmet, quadra de tênis e outros) e as tecnologias de ponta voltadas para o uso racional de água e energia. Afinal, quando há bom senso nada é impossível, nem mesmo numa cidade marcada por uma topografia sinuosa. “As árvores são as faxineiras do ar. Uma rua arborizada tem 30% a menos de poluição, menos ruído e calor. Uma árvore apenas pode absorver até uma tonelada de CO2, gás que, expelido por veículos e indústrias, é o grande vilão do aquecimento global. Por isso, as árvores representam a saúde das grandes cidades”, diz Carlos Solano.

E não demora muito para a equipe encontrar harmonia bem no Centro da cidade: a Vila Werneck, na Rua dos Guajajaras. Indiferente ao crescimento desordenado da metrópole e ao aumento insustentável da população e dos carros, ao asfalto que cobre ruas e avenidas, ao concreto que tomou lugar dos jardins e quintais, a vila sobrevive ao tempo, entre o comércio intenso, altos prédios e tráfego pesado. Nela, o calçamento é de paralelepípedos, que deixam a chuva escoar naturalmente sem entupir bueiros e ruas. As casas coloridas, com muros de heras, lembram as do início da capital, tempo em que a chuva era uma bênção e não uma catástrofe. No meio da vila há uma praça que preserva o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores, onde uma quaresmeira convida ao convívio e à conversa nos bancos de madeira, sob sua copa.

É só perguntar ao aposentado Nelson Taravessoni, de 89 anos, se ele quer morar em outro local. Desde 1948, ele ocupa uma das casas da Vila Werneck, próxima de um restaurante que também escolheu estar ali desde 1974, para divulgar os benefícios da comida macrobiótica. “Morar aqui é uma maravilha. Além de estar perto de tudo, a vila é tombada e os moradores estão isentos de impostos municipais.”

Encantada com a vila, a arquiteta Adriana Gontijo não cansa de elogiar o calçamento. “Nunca imaginei que ainda houvesse um lugar como esse em BH. Veja o contraste com o entorno, totalmente poluído por carros e prédios enormes”, comenta. Allan Lopes, especialista em geobiologia – biologia da construção –, estuda o impacto das edificações na saúde dos indivíduos e aplica esse conhecimento para modificar o que é nocivo nas casas e locais de trabalho. “Gosto do que vejo, mas não precisamos voltar no tempo com o mesmo calçamento das vilas. Temos tecnologia de blocos que conseguem drenar a água da chuva, aguentam peso e podem substituir o asfalto”, revela. Se é caro? Ele diz que um pouco mais, mas não tão caro quanto os estragos causados pelas enchentes e pelas vidas levadas pelas águas.

Tetos verdes

Allan, Adriana e André saem da Vila Werneck e observam um ipê-amarelo que ornamenta o jardim de um prédio. “Isso é gentileza urbana”, observam. “Construíram o prédio, mas deixaram a árvore.” Todos seguem em direção à Rua dos Inconfidentes, na Savassi, onde Adriana executa um projeto de arquitetura em um apartamento – e se surpreendeu com o teto verde na área de lazer. Para eles, essa é uma boa solução urbana para evitar enchentes. “Em cima do concreto dos prédios, planta-se grama. O teto verde é permeável e segura a chuva, pois amortece o volume e a velocidade da água, dando tempo aos bueiros e rios de absorverem, aos poucos, a chuva forte. E em época de seca, proporciona uma temperatura agradável”, diz a arquiteta.


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