Além de declividade do terreno, escoamento de água e outros parâmetros topográficos e geológicos, esses profissionais propõem um equilíbrio entre o concreto e o verde; entre os ambientes da moda (como varanda gourmet, quadra de tênis e outros) e as tecnologias de ponta voltadas para o uso racional de água e energiaAfinal, quando há bom senso nada é impossível, nem mesmo numa cidade marcada por uma topografia sinuosa“As árvores são as faxineiras do arUma rua arborizada tem 30% a menos de poluição, menos ruído e calorUma árvore apenas pode absorver até uma tonelada de CO2, gás que, expelido por veículos e indústrias, é o grande vilão do aquecimento globalPor isso, as árvores representam a saúde das grandes cidades”, diz Carlos Solano.
E não demora muito para a equipe encontrar harmonia bem no Centro da cidade: a Vila Werneck, na Rua dos GuajajarasIndiferente ao crescimento desordenado da metrópole e ao aumento insustentável da população e dos carros, ao asfalto que cobre ruas e avenidas, ao concreto que tomou lugar dos jardins e quintais, a vila sobrevive ao tempo, entre o comércio intenso, altos prédios e tráfego pesadoNela, o calçamento é de paralelepípedos, que deixam a chuva escoar naturalmente sem entupir bueiros e ruas
É só perguntar ao aposentado Nelson Taravessoni, de 89 anos, se ele quer morar em outro localDesde 1948, ele ocupa uma das casas da Vila Werneck, próxima de um restaurante que também escolheu estar ali desde 1974, para divulgar os benefícios da comida macrobiótica“Morar aqui é uma maravilhaAlém de estar perto de tudo, a vila é tombada e os moradores estão isentos de impostos municipais.”
Encantada com a vila, a arquiteta Adriana Gontijo não cansa de elogiar o calçamento“Nunca imaginei que ainda houvesse um lugar como esse em BHVeja o contraste com o entorno, totalmente poluído por carros e prédios enormes”, comentaAllan Lopes, especialista em geobiologia – biologia da construção –, estuda o impacto das edificações na saúde dos indivíduos e aplica esse conhecimento para modificar o que é nocivo nas casas e locais de trabalho“Gosto do que vejo, mas não precisamos voltar no tempo com o mesmo calçamento das vilasTemos tecnologia de blocos que conseguem drenar a água da chuva, aguentam peso e podem substituir o asfalto”, revela
Tetos verdes
Allan, Adriana e André saem da Vila Werneck e observam um ipê-amarelo que ornamenta o jardim de um prédio“Isso é gentileza urbana”, observam“Construíram o prédio, mas deixaram a árvore.” Todos seguem em direção à Rua dos Inconfidentes, na Savassi, onde Adriana executa um projeto de arquitetura em um apartamento – e se surpreendeu com o teto verde na área de lazerPara eles, essa é uma boa solução urbana para evitar enchentes“Em cima do concreto dos prédios, planta-se gramaO teto verde é permeável e segura a chuva, pois amortece o volume e a velocidade da água, dando tempo aos bueiros e rios de absorverem, aos poucos, a chuva forteE em época de seca, proporciona uma temperatura agradável”, diz a arquiteta.