Há 10 dias o movimento de máquinas e funcionários foi reduzido na Praça Diogo de Vasconcelos, na Savassi, quando a prefeitura decidiu paralisar as obras de revitalização de um dos principais centros comerciais da cidade por causa do movimento de fim de ano
Depois de mostrar as armadilhas nas calçadas, na edição de ontem, o EM foi à Savassi flagrar os problemasComo resposta ao desrespeito com o cidadão, a prefeitura havia afirmado que a responsabilidade com a calçada é do proprietário do imóvelMas, na Savassi, onde o poder público assumiu a revitalização da Praça Diogo de Vasconcelos, a própria prefeitura atropela o Código de Posturas do Município (Lei nº 8.616/2003)No trecho referente às operações de construção, manutenção e conservação, o artigo 11 do capítulo I determina: “A utilização do passeio deverá priorizar a circulação de pedestres, com segurança, conforto e acessibilidade, em especial nas áreas com grande fluxo de pedestres”, assim como é a Savassi.
Descumprimento à legislação que, na avaliação da arquiteta Luciana Guizan, de 30 anos, pode se converter em sérios transtornos“Não está seguro passar a pé pela SavassiAinda mais agora, véspera de Natal, quando o comércio da região ‘pega fogo’Uma obra grandiosa assim está superdeslocada nesta época do ano”, disse Luciana, enquanto passava pela Avenida Cristóvão Colombo.
De modo geral, o que se percebe na Savassi é que depois da paralisação dos motores das máquinas a maior preocupação da empreiteira responsável pela obra foi cercar a área onde as intervenções puderam ser mantidas
Sem planejamento
Para a funcionária pública Cleuza Maria Costa, de 56, que diariamente cruza a região, o que se vê em todo o trecho destinado ao pedestre no coração da Savassi é um reflexo da falta de planejamento“Durante toda a obra, o pedestre foi o maior prejudicadoFaltou pensar como seria a passagem por aqui para quem está a péNo canteiro central, por exemplo, o risco de cair ou torcer o pé é grande”, afirmou Cleuza, referindo ao trecho entre a Praça Diogo de Vasconcelos e a Rua AlagoasNo local, o canteiro havia sido desmanchado para abertura de um desvioO asfalto feito à época foi quebrado, mas não deixou de ser a única rota para transeuntes que querem passar de um lado para o outro da avenidaSegundo ela, o perigo é ainda maior à noite, quando a iluminação é ruim.
Da loja em frente a este trecho, a vendedora Fernanda Graziele Magalhães, de 34 anos, acompanha os transtornos
E para quem mora na Savassi o quesito falta de segurança tornou-se preocupação constante“Desde que as obras começaram, em março, ficou supercomplicado passar por aquiAs mudanças de trânsito não foram acompanhadas por medidas de segurança para que a travessia seja seguraIsso dá uma sensação de que a prefeitura não está preocupada com o cidadão”, reclamou a estudante Lilian Cavalcanti Simal, de 22 anos, moradora da Rua Tomé de Souza.
A assistente de odontologia Lucy Maria de Souza, de 53, faz coro à reclamação“As condições de segurança estão péssimasSerá que a prefeitura não percebe que a gente pode se machucar, cair e até mesmo quebrar um pé ou uma perna?”, disse Lucy, que trabalha na Rua Levindo Lopes e passa diariamente pela Praça Diogo de Vasconcelos.
Prefeitura promete melhorias
A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que o tratamento para isolar as obras nos quarteirões foi priorizado, mas admitiu que o serviço ainda não foi feito nos canteiros centrais da Avenida Getúlio VargasConforme o órgão, a coordenação da obra seria acionada para que cobre da empreiteira melhorias na segurança para o pedestre“Vamos pedir operação pente-fino para retirada de restos de material de construção e fechamento de buracos e caixas subterrâneasTambém será feito o fechamento das áreas do canteiro central em que o pedestre não pode passar e, no início de janeiro, os canteiros serão refeitos”, informou o órgão por meio de sua assessoria de imprensa.
No dia da paralisação da obra, a prefeitura afirmou que 70% das intervenções já foram concluídasPor causa do pedido dos comerciantes de retirada do canteiro de obras e diminuição no ritmo dos trabalhos, novo cronograma deve ser apresentado a moradores e lojistas na quinta-feiraNão está descartada a possibilidade de atraso na conclusão
CORRIDA DE OBSTÁCULOS NA SAVASSI
» Buracos em geral
» Buracos cobertos por madeira
» Caixas subterrâneas abertas
» Tábuas com pregos expostos
» Falta de sinalização indicativa de travessia
» Fios de energia elétrica em local de passagem
» Arames e mangueiras espalhados
» Falta de proteção em áreas não indicadas para passagem de pedestres, como canteiros centrais