O tema é tão importante que a maior capital do país, São Paulo, formou um grupo de trabalho específico para tratá-lo, estabeleceu punição pesada para infrações e só no primeiro semestre disparou 2,4 mil multas contra donos de imóveisMas em Belo Horizonte basta dar uma volta pela cidade para perceber o descaso com as calçadas: buracos, caixas de telefonia abertas, grades de canaletas d’água retiradas e tábuas que escondem estragos da construção civil podem ser encontrados em alguns dos pontos mais movimentados e nobres da cidadeAo proprietário do imóvel cabe a responsabilidade de construir e manter o passeio em bom estado de conservaçãoPorém, muita gente tem fechado os olhos para essa regraFoi o que comprovou da pior maneira possível a manicure Tânia Demaria Passos, de 50 anos, que caiu em um buraco coberto por uma camada de cimento fresco, sem isolamento, em plena Rua Espírito Santo, no Centro de BHO acidente aconteceu na terça-feira, quando Tânia se encaminhava para uma consulta ao ortopedista, já que se recuperava de uma cirurgia no joelho.
No dia em que a manicure anunciava a intenção de processar a prefeitura e a firma responsável pela armadilha, que ainda não foi nem identificada pelo município, a reportagem do Estado de Minas foi às ruas da capital conferir a condição dos passeios
A diarista Maria José Magalhães, de 61, constata o que está à vista de todos os que usam as calçadas do Centro: falta fiscalização“A prefeitura precisa tomar conta dissoTem que fiscalizar, porque passeio malconservado é um sinal de desrespeito com as pessoas”, cobra, enquanto tenta desviar de um buraco na Avenida Francisco Sales, altura do número 1.663, no Bairro Santa Efigênia.
Mudam as áreas da cidade, mas o descaso se repete
Entre as pessoas surpreendidas pelo buraco está a operadora de caixa Rosalice Saraiva de Almeida Silva, de 30 anos“Passei olhando para os lados, porque aqui é muito movimentadoNem percebi o buracoQuando vi, já estava caindo em cima de uma mulherAinda bem que ela me amparou, porque eu poderia ter me machucado”, disseMinutos depois foi a vez de a operadora de telemarketing Taciane Adão, de 23, quase ir parar no chão“Passeio é coisa sériaTem que estar em bom estado, porque a gente pode se ferir com tanto buracoFoi por um triz que não caí.” Delaine Lourenço, de 22, que trabalha como atendente de telemarketing em um prédio próximo, reclama: “Os passeios em Belo Horizonte são de péssima qualidadeOs problemas estão por toda parteNo Centro a gente percebe mais, mas nos bairros é a mesma coisa”.
CAIXA ABERTA Armadilha perigosa também deixou quem passava pela Avenida Getúlio Vargas, na Savassi, indignadoNo cruzamento com Rua Santa Rita Durão, uma caixa aberta de uma operadora de telefonia expunha pedestres ao risco de desabar em um buraco de aproximadamente um metro e meioRelatos de quem passou pelo local dão conta de que a situação ocorria desde a segunda-feiraProvidência? Apenas a sinalização precária com pedaços de isopor, feita por funcionários de uma loja em frente “O pessoal do estoque colocou o isopor, com o objetivo de sinalizar para quem passa, pois o movimento de pessoas aqui é grande e tem quem ande distraído, falando ao celular ou correndo”, contou o vendedor Leandro de Souza, de 27 anosO porteiro Altair Mateus Ferreira, de 54, se impressiona com o perigo“Essa situação é absurdaUm desrespeito com o cidadãoQuem cair aqui pode bater a cabeça e ter um traumatismo sério”, constatou