No meio do caminho tem uma árvore. No entorno dela, na Savassi, na Região Centro-Sul, uma rede de amigos, atores invisíveis, trabalha pela preservação da sete-cascas balzaquiana. Com mais de 20 metros nas grimpas, desde a tarde do dia 11 a jovem senhora vem dando o que falar nos limites na Praça Diogo de Vasconcelos. Depois do barulho feito por manifestantes que impediram que seu tronco fosse ao chão, grupo abraçado à causa está de olho na Prefeitura de Belo Horizonte e promete não dar trégua à Secretaria de Meio Ambiente. Já circula abaixo-assinado abarrotado contra a remoção.
Mas a postura está longe de ser consenso. Aroldo Broichm, de 65 anos, não tem problema em ser identificado. O aposentado está convencido pela justificativa do poder público de que a derrubada seria pelo bem da população: “Tem que cortar, porque está condenada. Depois cai, mata gente e aí? Vão dizer que a culpa é da prefeitura. Olhe que beleza que está ficando isso aqui. Depois de tudo pronto, a árvore cai, estraga a obra e vão ter que gastar dinheiro público, meu, seu, para consertar”, diz.
João Batista, de 45, jornaleiro, faz parte da turma contra a supressão. “O importante é buscar meios para preservar a árvore. Menos verde significa mais calor e menos oxigênio. A prefeitura, quando derruba, dá mau exemplo. Isso é assassinato”, condena. Carlos da Silva, de 24, motoboy observa. Tem o olhar dirigido ao topo da copa deserta e demonstra tristeza com os tocos em madeira viva. O que pensa da situação, amigo? “Uma barbaridade. Um desrespeito. Isso não pode ser feito assim, dessa forma. Acho que a população tem maturidade para comprar essa briga”, considera.
Silenciosos, agentes anônimos trabalham. “Não precisamos aparecer na mídia. Mas vamos fazer de tudo para que essa árvore não deixe de existir simplesmente, como está acontecendo em vários pontos da cidade”, diz um lojista. Para o homem de meia- idade – nascido em São Paulo, mas em BH desde a infância –, está passando da hora “de o cidadão tomar conta melhor da cidade”. Alertas, amigos das árvores estão de plantão, em rede uns com os outros, com telefones, câmeras e muitos votos nas mãos.