Jornal Estado de Minas

Rede social sustenta o verde na Savassi

Jefferson da Fonseca Coutinho

Discretos ou nem tanto, defensores se uniram em torno de uma árvore ameaçada na região nobre de BH - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press

 

No meio do caminho tem uma árvoreNo entorno dela, na Savassi, na Região Centro-Sul, uma rede de amigos, atores invisíveis, trabalha pela preservação da sete-cascas balzaquianaCom mais de 20 metros nas grimpas, desde a tarde do dia 11 a jovem senhora vem dando o que falar nos limites na Praça Diogo de VasconcelosDepois do barulho feito por manifestantes que impediram que seu tronco fosse ao chão, grupo abraçado à causa está de olho na Prefeitura de Belo Horizonte e promete não dar trégua à Secretaria de Meio AmbienteJá circula abaixo-assinado abarrotado contra a remoção.

“Não posso aparecer, porque o meu patrão quer que a árvore seja cortada pela estética e por causa dos negócios, mas se isso acontecer vai ser um crime”, diz, revoltada, a moça da saia rodadaPara a vendedora, querem derrubar a sete-cascas apenas pelo “embelezamento” do quarteirão fechado“Se ela pode cair, como estão dizendo, que tomem então outras medidas para impedir que isso aconteçaVeja a cor viva do toco daquele galho que foi mutiladoSe ela está doente, eu estou morrendo”, ironiza.

Mas a postura está longe de ser consensoAroldo Broichm, de 65 anos, não tem problema em ser identificadoO aposentado está convencido pela justificativa do poder público de que a derrubada seria pelo bem da população: “Tem que cortar, porque está condenada

Depois cai, mata gente e aí? Vão dizer que a culpa é da prefeituraOlhe que beleza que está ficando isso aqui Depois de tudo pronto, a árvore cai, estraga a obra e vão ter que gastar dinheiro público, meu, seu, para consertar”, diz.

João Batista, de 45, jornaleiro, faz parte da turma contra a supressão“O importante é buscar meios para preservar a árvoreMenos verde significa mais calor e menos oxigênioA prefeitura, quando derruba, dá mau exemploIsso é assassinato”, condenaCarlos da Silva, de 24, motoboy observaTem o olhar dirigido ao topo da copa deserta e demonstra tristeza com os tocos em madeira vivaO que pensa da situação, amigo? “Uma barbaridade
Um desrespeitoIsso não pode ser feito assim, dessa formaAcho que a população tem maturidade para comprar essa briga”, considera.

Silenciosos, agentes anônimos trabalham“Não precisamos aparecer na mídiaMas vamos fazer de tudo para que essa árvore não deixe de existir simplesmente, como está acontecendo em vários pontos da cidade”, diz um lojistaPara o homem de meia- idade – nascido em São Paulo, mas em BH desde a infância –, está passando da hora “de o cidadão tomar conta melhor da cidade”Alertas, amigos das árvores estão de plantão, em rede uns com os outros, com telefones, câmeras e muitos votos nas mãos

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