Tudo poderia ser facilitado se o restaurante fosse o de um hotelMesmo nesse caso, é bom rezar para que haja alguém que fale alguma outra língua e possa ser tradutorParece exagero? O Estado de Minas comprovou que a realidade é mais dramática do que se imaginaAlguns serviços básicos, que todo viajante pensa em contratar para maior comodidade ou pode precisar em caso de emergência, são desafios para turistas estrangeiros na capital.
Três repórteres se passaram por turistas de língua espanhola, inglesa e francesa e pediram ajuda a personagens reais
Os atendimentos foram bem variados: da completa falta de informação por pura incompreensão de quem estava do outro lado da linha a informações passadas em idiomas pouco fluentes ou ainda com a mistura típica de quem não fala um nem outro, mas no fim fala de tudo e consegue passar o recado, se quem ligou estiver também disposto a se abrir ao improvisoEm duas vezes apenas, os atendentes responderam fluentemente, sem titubear – uma em espanhol e outra em inglês.
DIFICULDADE
A indiana Manju Sharma Nigam, de 31 anos, sabe bem como é issoEla já passou por experiências curiosasNum hotel de BH, era preciso ligar para o marido, que trabalha na cidade, para que ele telefonasse para a recepção todas as vezes que ela precisava de um serviço“Havia apenas um funcionário que falava um pouco de inglês, e mesmo assim, era preciso esperar horas por eles”, contaO cúmulo ocorreu no restaurante do estabelecimentoPedir comida se tornou uma missão impossível.
Vegetariana, lhe foram servidos vários pratos, incluindo frango, até que algo realmente desse universo fosse posto à mesaMas, da forma como foi feito, o melhor talvez fosse ficar com fome“Pedi uma salada e, depois de várias tentativas e explicações, o garçom chegou com um alface, cortou a raiz na minha frente e jogou no meu pratoFiquei olhando sem entender”, conta“Mesmo no hotel cinco estrelas não havia garçons falando inglêsAchei um absurdo, pois venho de uma família do ramo e, para se ter a licença dessa classificação o mínimo exigido são funcionários fluentes em outra língua”, relata.
No táxi, vale a mímica para indicar direitas e esquerdas e o velho hábito de anotar o endereço no papelNo supermercado, gestos entram sempre em cena quando necessárioO marido de Manju, o diretor-executivo Avishek Nigam, de 34, também estranha o despreparo“Será terrível para a CopaSe você quiser ir a pontos turísticos, como o Mercado Central e a feira de artesanato, ninguém sabe informarDiferente do Rio, por exemploNa feira de Copacabana, táxis e hotéis, todos falam outro idiomaA Copa é oportunidade para BH se tornar uma cidade turística, mas é preciso interagir com quem visita a cidade, pelo menos em inglês”, completa.
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb), Paulo César Pedrosa, afirma que os profissionais estão em fase de capacitação em língua estrangeiraMas cobra interesse dos funcionários, que devem se inscrever nos cursos, e dos empresários, que devem liberá-los para estudar“Em 2012, entraremos a todo vapor com treinamento de garçons, recepcionistas, camareiras e barmans”, diz(Colaborou: Alysson Lisboa)