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Estado de Minas

Aumento apreensão em Minas de produtos importados irregularmente ou falsificados

São 16,2 milhões de mercadorias que serão levadas a leilão ou destruídas


postado em 29/10/2011 06:00 / atualizado em 29/10/2011 08:31

Lote com cabeças empalhadas de animais mortos na África e abandonadas por um mineiro será leiloado por R$ 2 mil(foto: FOTOS JACKSON ROMANELLI/EM/D.A Press)
Lote com cabeças empalhadas de animais mortos na África e abandonadas por um mineiro será leiloado por R$ 2 mil (foto: FOTOS JACKSON ROMANELLI/EM/D.A Press)

Ferraris, Porche, vinho, champanhe, azeite, massas italianas, roupas, tênis, bebidas, cosméticos, cigarros, óculos, relógios, eletrodomésticos, joias, obras de arte e até cabeças de animais empalhadas. A importação ilegal, incluindo pirataria, parece nunca ter sido tão grande e diversificada no depósito da Receita Federal em BH, que recebe os produtos de metade do estado. São 16,2 milhões de mercadorias, que indicam aumento no número de apreensões. O cigarro lidera o ranking de falsificações. Até setembro foram 3,2 milhões de maços apreendidos, 845 mil a mais que em todo o ano de 2010. A destruição desse material também é recorde e ultrapassa R$ 120 mil em mercadorias. Desde janeiro, por exemplo, 60 toneladas de pares de óculos, o segundo item na lista dos mais falsificados, foram inutilizados. No ano passado, esse número chegou a 40 toneladas.

Para o inspetor-chefe da Receita em BH, Bernardo Costa Prates Santos, o aumento das apreensões diz respeito à malha viária estratégica de Minas Gerais. “O estado é passagem para o Distrito Federal e Nordeste. No Triângulo Mineiro, há grandes centros de distribuição. Apesar de Minas não ter fronteira seca nem porto, é importante na logística do contrabando e das falsificações. Toda operação dá resultados”, explica ele.

Há ainda milhares de caixas empilhadas por todo o depósito com roupas, tênis, maquiagem, bolsas, perfumes, bebidas, CDs, DVDs, produtos prontos para serem destruídos. A triagem seleciona produtos que podem ser descaracterizados. O restante, como os 240 quilos de relógios falsificados apreendidos em um único dia em num shopping popular, é destruído manualmente com um martelo antes de seguir para o descarte específico feito por uma empresa contratada pela Receita.

Essa mesma empresa tritura os cigarros falsificados ou contrabandeados. Frascos de perfume têm a ponta quebrada e o líquido despejado no vaso sanitário. As embalagens normalmente são encaminhadas para a reciclagem. Algumas mochilas e roupas falsificadas da Nike e Adidas, por exemplo, passam pelas mãos de agentes-costureiras, viram fronhas ou roupas para crianças e também são doadas para instituições de caridade. Os tênis, porém, são totalmente descartados, uma vez que não há como retirar o nome da marca – o que caracteriza a pirataria – para reaproveitá-los.

Carros de luxo com restrição judicial ou processo criminal também estão no depósito(foto: FOTOS JACKSON ROMANELLI/EM/D.A Press)
Carros de luxo com restrição judicial ou processo criminal também estão no depósito (foto: FOTOS JACKSON ROMANELLI/EM/D.A Press)


Leilão

Os depósitos guardam outras histórias e estão abarrotados de produtos deixados para trás. Muitas vezes, o importador não se dá conta de que pode pagar até o dobro do valor da mercadoria em taxas e impostos e simplesmente “abandona a carga”, como costumam dizer os agentes da Receita. Na semana passada, por causa disso, um hospital da capital acabou beneficiado com equipamentos médicos avaliados em R$ 201 mil.

Nessa mesma situação, equipamentos eletrônicos, maquinário de jardinagem, obras de arte, eletrodomésticos, joias, bolsas e roupas sem marcas abandonados pelos donos vão a leilão. Alguns dos objetos mais curiosos são cabeças de animais empalhadas. Funcionários do depósito contam que um mineiro passou férias na África e, ainda no exterior, pediu que os animais que matou na caça fossem preservados como enfeite de casa. São ao todo seis cabeças de macaco, veados e até um búfalo, com lance mínimo de R$ 2 mil pelo lote. Há também duas esculturas em mármore vindas do Oriente, mas apenas empresas podem participar do leilão.

Nessa sexta-feira, o sistema da Receita apontava um cálculo de R$ 11,5 milhões em mercadorias apreendidas, incluindo carros de luxo com restrição judicial ou processo criminal. Quatro Ferraris estão estacionadas no depósito, além de um Porsche e uma picape Hummer. Os carros podem ser leiloados ou incorporados pelos órgãos do governo, se não forem devolvidos aos seus proprietários, de acordo com decisão judicial. Parte dos veículos foi apreendida pela Polícia Federal no início do mês, de contraventores ligados ao jogo do bicho e à exploração de caça-níqueis. Eram importados ilegalmente para revenda no Brasil como forma de lavagem de dinheiro de contravenção.

Encomendas Numa outra sala, mais encomendas que não foram retiradas pelos compradores. São garrafas de vinho, champanhe, azeites, molho de tomate e massas italianas, provavelmente adquiridas por um restaurante, que também serão descartados. Pela legislação, a Receita não pode doar alimentos, nem aqueles que estão dentro do prazo de validade. As bebidas também acabam no ralo.

Do que é trazido nas malas que chegam ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, muita coisa também acaba abandonada, quando o turista ou morador traz mercadorias de forma irregular ou aquelas que não podem ser importadas. Nesse caso, eles preferem deixar a mala toda. Sendo assim, as roupas usadas também seguem para doação. Paixão de muitas mulheres, porém, o hidratante de uma famosa marca americana de cosméticos vai parar em garrafas PET de refrigerante. “Não posso jogar no vaso ou na pia de uma vez para não entupir. As embalagens vão para a reciclagem, mas o hidratante vai mesmo para o lixo”, conta um funcionário.
 


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