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Estado de Minas

Crianças resgatam antigas brincadeiras

Nada de videogames ou computadores. Pequenos contam o quanto rolar na lama e resgatar antigas brincadeiras, coisa rara atualmente, é mais divertido do que teclar


12/10/2011 06:00 - atualizado 12/10/2011 08:02

Eduarda não larga o balanço e conta com a ajuda de Gabriel
Eduarda não larga o balanço e conta com a ajuda de Gabriel (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
João Pedro é fã do Homem-Aranha; Gabriel gosta de se vestir de Batman; Mariah adora andar de patins; Eduarda parece ter asas no balanço; Gabriela dá vida aos bichinhos de pelúcia; Daniella brinca de “cinco Marias”; Mariana pula corda; Cauã nada como peixe; Felipe manda bem no bilboquê; Henrique domina o skate; Marcelo gosta de esconde-esconde. Nascidos no novo século, meninos e meninas esbanjam noções admiráveis de tecnologia, mas não abrem mão da diversão que agrupa, inspira e fortalece a presença, avessos ao que é virtual. Em plena era digital, crianças de 3 a 10 anos, em casa ou na escola, deixam de lado vídeo games e computadores e fazem Belo Horizonte voltar no tempo das brincadeiras dos pais e dos avós.

Filha de artistas, Eduarda do Prado Duque, de 8 anos, gosta mesmo é de brincar de “rio de lama” na casa da avó Carmen, em Belo Vale, na Região Sudeste de Minas Gerais. “A gente joga água na terra e entra na lama. É muito bom”, diz com o sorriso aberto, mostrando os dentes recentes, em formação. Aluna do 2º ano do ensino fundamental do Colégio Imaculada Conceição, no Bairro de Lourdes, Eduarda fala com muita alegria das farras de quintal com os primos Bárbara e Joãozinho. É de dar gosto vê-la gangorrar com os colegas no pátio da escola. Longe dos computadores, quando o assunto é diversão a menina diz que quer ser artista e lista pular corda, boneca, amarelinha, esconde-esconde e casinha, as brincadeiras prediletas.

Esqueçam o Robin. O mais novo e destemido parceiro do Batman é o Homem-Aranha. Acreditem. É papo sério. Ao menos para João Pedro Paiva Crepaldi, de 4, e Gabriel Paiva, de 3. A dupla de primos, incansável, está pronta para enfrentar os piores vilões dos quadrinhos e dos filmes de ficção. Juntos, formam a “Liga da Justiça”. Carol, no papel de mãe e tia do duo dinâmico, precisa ter fôlego de Mulher Maravilha para não sobrar. Desvestidos de suas roupas de utilidades, enquanto não são chamados para salvar o mundo, jogam bola e brincam com carrinhos e bonequinhos de plástico. Henrique Pereira, de 10, é outro que gosta do interior. Prefere o mato à cidade grande. Garoto à antiga, acha bom brincar de pião, dominó e bicicleta. “Computador só no fim de semana”, afirma.

 

Marcelo gosta mesmo é de esconde-esconde e não rejeita pular corda na escola
Marcelo gosta mesmo é de esconde-esconde e não rejeita pular corda na escola (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
 

LIÇÕES Mariah Paiva, de 8, sobre patins cor-de-rosa é um encanto. Com desenvoltura de quem sabe fazer e valorizar amizades, a mocinha araxaense é verdadeira miss simpatia. Por trás do sorriso de criança, Mariah guarda ideias de gente grande. “Não gosto de inveja. Os adultos ainda precisam aprender a lidar melhor com as crianças”, ensina. Nas brincadeiras dá mais valor ao que é coletivo. Até diz brincar sozinha, mas, para Mariah, não tem graça. “É melhor ficar entre amigos, porque isso faz a gente se sentir feliz. Não acho que uma criança que fica presa ao computador, ao videogame, seja feliz”, considera.

Gabriela Borges de Souza, de 7, meiga de chamar a atenção, gosta de pião, de ping-pong, de passar anel e das cantigas de roda. Agora, a brincadeira predileta de Gabriela é de “mamãe e filhinha” com sua elefantinha cor-de-rosa de nome Fernanda. Diz dar conselhos à menininha de pelúcia: “Menina, você tem que sair de casa pra brincar um pouco com suas amigas”. E Fernanda sai? “Claro, ela é obediente”, conta. Gabriela diz que se pudesse melhoraria a vida de todas as crianças com brinquedos, roupas e carinho.

Cauã Vítor dos Santos, de 7, aluno do Instituto Coração de Jesus, é chegado nas histórias do quadrinista brasileiro Maurício de Souza, sua mais nova descoberta. Gosta tanto das aventuras da Turma da Mônica que recebeu promessa especial da mãe. “Se melhorar as notas, crescer no comportamento, vou ganhar uma assinatura da Revista da Mônica”. E tem conseguido, Cauã? “As notas estão muito boas, mas preciso melhorar no comportamento”, admite, tímido.


ADOLETÁ

Pelo resgate das brincadeiras do passado, o Institulo Coração de Jesus (ICJ), no Bairro Nova Suíça, Região Oeste de Belo Horizonte, programou para a Semana das Crianças série de atividades como bola de meia, pega-pega, cabo de guerra, passa-anel, corrida de saco e amarelinha. Os alunos também participaram de Clube da Leitura.


PALAVRA DE ESPECIALISTA

MARIANA DE MAGALHÃES SILVA ALMEIDA, 8 ANOS

“Os computadores fazem a gente ficar agarrado”

“Gosto mais das brincadeiras entre amigos. As mais antigas são assim. É muito bom. A escola é um ótimo lugar para fazer amizades. A gente brinca muito de pega-pega, totó, pique-esconde e vôlei. Gostamos também de conversar sobre o nosso dia a dia. É importante pra gente se conhecer melhor, de perto. Os computadores fazem a gente ficar agarrado, distante. Não fico muito tempo. Só no sábado e no domingo. Meu irmão, de 13 anos, se pudesse ficava todos os dias, mas ele respeita as regras e fica só no fim de semana. Está certo. Acho que a gente precisa aprender a ter horário.”
 


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