O retorno à escola ocorreu depois de ele ter disparado três tiros contra DiasA agressão foi uma resposta a advertências feitas pelo auxiliar por indisciplina do alunoNa avaliação de especialistas, o caso soa como contrassenso se comparado à decisão da Vara da Infância e Juventude de Contagem, que decretou anteontem o acautelamento por 45 dias de um menor de 15 anos, acusado de chutar a diretora da Escola Municipal Maria Silva Lucas.
“Se comparados os dois casos, há um contrassensoSem enveredar pela apuração dos fatos, me parece uma questão de dois pesos e duas medidasO caso do adolescente da Serra é muito mais grave do que o do menor de ContagemNão sei por que o juiz não determinou medida mais enérgica, como o acautelamento, assim como foi feito no município vizinho”, afirma o vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Eliézer JônatansEle explica que, ao traçar comparações com crimes previstos no Código Penal, o chute seria similar a uma lesão corporal de natureza leve, enquanto o disparo dos tiros na Serra pode ser visto como tentativa de homicídio, que tem maior potencial ofensivo.
Ainda ao comentar a decisão do juiz José Honório, vara de BH, o advogado afirma que o direito é interpretativo e pode depender do entendimento pessoal“Fica a critério do magistrado decidir se deve acautelarO Estatuto da Criança e do Adolescente permite que o menor responda a atos infracionais sem privação de liberdade, mas se entender, pode tomar uma medida mais enérgica já de imediato”, diz.
Segundo o Fórum Lafayette, o juiz José Honório vai apurar a gravidade da infração para avaliar a aplicação de medida socioeducativaInforma que o menor vai continuar a ser atendido pela vara onde já era acompanhado por mau comportamento na escola.
Ontem, em seu terceiro comparecimento ao Centro Integrado de Atendimento aos Adolescentes Autores de Atos Infracionais (CIA-BH), o menor prestou depoimento à Polícia Civil e depois foi ouvido pelo juiz
Conforme a diretora da Escola Estadual Professor Pedro Aleixo, Raquel Coutinho, os funcionários chamaram a polícia porque o aluno retornou à escola acompanhado de um cúmplice, que não era aluno, e fez intimidações ao dizer que com ele tudo se resolve na bala e que não ‘pega nada’ porque é menor de idade“O menor tem histórico de indisciplina na escola, que já foi comunicada várias vezes à família, à Superintendência de Ensino e ao Conselho TutelarNo dia a dia, mata aula, responde mal os professores, agride funcionários com palavrasJá havia falado que ia dar tiros, mas não achávamos que ia chegar nesse ponto”, disse.