O Dia Mundial sem Carro foi encerrado nessa quinta-feira à noite em Belo Horizonte com um passeio ciclístico que reuniu mais de 200 participantes. A iniciativa é do grupo Moutain Bike BH, que pelo sexto ano consecutivo realiza a “pedalada-manifesto”, com a intenção de pôr um grande número de bicicletas nas ruas da área central da cidade, além da panfletagem junto a motoristas, pedestres e ciclistas, destacando a importância do respeito entre os atores do trânsito. O bancário Vinícius Mundin, de 28 anos, um dos organizadores, explica que cada ciclista nas ruas é um carro a menos. “Nosso alvo não é apenas buscar uma relação de respeito de motoristas e ciclistas. Estamos nas ruas, também, chamando a atenção para a necessidade de buscar alternativas de transporte que poluam menos.”
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nessa quinta-feira estudo sobre a poluição provocada por veículos automotores, como mais um alerta no Dia Mundial sem Carro. Segundo os dados, entre 1980 e 2009, as emissões de gases – por veículos – do efeito estufa cresceram 3,6% ao ano, em média. Com o aumento da frota e o uso maior do transporte individual, a quantidade de dióxido de carbono (CO2) lançada na atmosfera deve crescer em ritmo mais acelerado até 2020 (4,7% ao ano). A base das informações é do Ministério do Meio Ambiente. A taxa de motorização no Brasil é muito inferior à de países desenvolvidos. Nos Estados Unidos e na Europa, a média é de 70 veículos por habitantes e, aqui, é de apenas 15. Conforme o estudo do Ipea, a tendência, no entanto, é que ela suba muito rapidamente. “O automóvel emite, por pessoa, até 36 vezes mais CO2 que o metrô”, argumentou Carlos Henrique Ribeiro, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea.
De acordo com o estudo, nos últimos 15 anos, aumentou o transporte individual motorizado no Brasil, enquanto houve uma redução no uso do transporte coletivo, “o que, do ponto de vista da eficiência energética e ambiental, é uma tendência bastante preocupante”. O número de automóveis cresceu 7% ao ano e o de motocicletas, 15%, ao passo que a demanda por transporte público caiu cerca de 30%.