O policial civil Antônio Leonardo Passos, envolvido no tiroteio da Rua Grão Mogol, é investigado pela Corregedoria da corporação por suposto envolvimento com máquinas caça-níqueis e estaria, no momento dos disparos, transportando dinheiro para um bicheiro. Ele trabalha na 1ª Delegacia Regional da Rua Itambé, no Bairro Floresta, Região Leste, e estaria afastado por licença médica devido a problemas psiquiátricos. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que não podia fornecer informações sobre a ficha funcional dele e evitou divulgar o boletim de ocorrência. O Estado de Minas apurou que, logo depois da troca de tiros, Antônio Passos fugiu e buscou abrigo no Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), no Bairro Gameleira, Região Oeste, onde trabalha seu irmão, o inspetor Geraldo Magela.
O comandante do 22º Batalhão da PM, tenente-coronel Ricardo Machado, que atendeu a ocorrência disse ter ouvido comentários sobre o envolvimento de policial civil no tiroteio. “Estamos tentando buscar informações. Houve comentários de populares sobre envolvimento de um suposto policial civil, mas, como diversos delegados e outros policiais civis estiveram no local, certamente eles vão apurar essa informação”, disse o militar. O tenente-coronel também disse também não ter informações de que o caso se trata de saidinha de banco. “Inclusive, o idoso que foi baleado tinha acabado de sacar R$ 600 no banco e nada foi levado dele. Ele nem mesmo chegou a ser abordado”, disse Machado.
Baleado diz que não foi assalto
Internado no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, o delegado aposentado José Augusto Dias Branco revelou a amigos que foi baleado depois de ouvir discussão entre três homens na Rua Grão Mogol. Um deles, que se identificou apenas como Marcos, conversou com José Augusto, pouco depois da internação, e o ouviu, mesmo sentindo muita dor, dizer que “não foi assalto, mas troca de tiros”. Contou ainda que o amigo revelou que, antes do tiroteio, ouviu alguns homens discutindo no passeio. “Ele falou que tinha uns caras nervosos conversando fiado”, explicou Marcos, que é amigo de José Augusto há 15 anos.
Moradora de João Monlevade, a 108 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central do estado, a médica endocrinologista Júnia Moura Branco, de 44 anos, chegou ao Hospital João XXIII às 14h30 e preferiu falar apenas uma frase: “Estou horrorizada com a violência”. Duas horas e meia antes, Júnia recebeu a notícia, por telefone, de que o pai havia sido baleado e imediatamente veio para a capital, na companhia do marido, Vinícius Fonseca Mendes, de 42, e da filha Isabela, de 16.
Depois de saber que o sogro passava bem, Vinícius contou que José Augusto, natural de Caxambu, no Sul de Minas, e casado há 47 anos com dona Wily, mora na Rua Campanha, a um quarteirão de onde foi baleado, e caminha todos os dias. “Ele tinha ido ao banco, como faz sempre, desta vez para pegar dinheiro e pagar a empregada.” (Gustavo Werneck)