Jornal Estado de Minas

Policial envolvido em tiroteio no Carmo já era investigado

Aposentado e adolescente foram baleados durante suposta tentativa de assalto a policial civil. Tiroteio espalhou medo na Rua Grão Mogol

Andréa Silva
O policial civil Antônio Leonardo Passos, envolvido no tiroteio da Rua Grão Mogol, é investigado pela Corregedoria da corporação por suposto envolvimento com máquinas caça-níqueis e estaria, no momento dos disparos, transportando dinheiro para um bicheiro
Ele trabalha na 1ª Delegacia Regional da Rua Itambé, no Bairro Floresta, Região Leste, e estaria afastado por licença médica devido a problemas psiquiátricosA assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que não podia fornecer informações sobre a ficha funcional dele e evitou divulgar o boletim de ocorrênciaO Estado de Minas apurou que, logo depois da troca de tiros, Antônio Passos fugiu e buscou abrigo no Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), no Bairro Gameleira, Região Oeste, onde trabalha seu irmão, o inspetor Geraldo Magela

A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou no fim da tarde dessa quarta-feira que ainda aguardava a Polícia Militar registrar o boletim de ocorrência no 3º Distrito da Rua Chicago, no Bairro Sion, para obter informações do que havia acontecidoNo entanto, na delegacia a informação era que os PMs já haviam registrado a ocorrência há mais tempo e que o documento já teria sido entregue à delegada Sandra MaraA policial, no entanto, não quis atender a reportagem.

O comandante do 22º Batalhão da PM, tenente-coronel Ricardo Machado, que atendeu a ocorrência disse ter ouvido comentários sobre o envolvimento de policial civil no tiroteio “Estamos tentando buscar informaçõesHouve comentários de populares sobre envolvimento de um suposto policial civil, mas, como diversos delegados e outros policiais civis estiveram no local, certamente eles vão apurar essa informação”, disse o militarO tenente-coronel também disse também não ter informações de que o caso se trata de saidinha de banco“Inclusive, o idoso que foi baleado tinha acabado de sacar R$ 600 no banco e nada foi levado dele
Ele nem mesmo chegou a ser abordado”, disse Machado.

Baleado diz que não foi assalto

Internado no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, o delegado aposentado José Augusto Dias Branco revelou a amigos que foi baleado depois de ouvir discussão entre três homens na Rua Grão MogolUm deles, que se identificou apenas como Marcos, conversou com José Augusto, pouco depois da internação, e o ouviu, mesmo sentindo muita dor, dizer que “não foi assalto, mas troca de tiros”Contou ainda que o amigo revelou que, antes do tiroteio, ouviu alguns homens discutindo no passeio“Ele falou que tinha uns caras nervosos conversando fiado”, explicou Marcos, que é amigo de José Augusto há 15 anos.

Moradora de João Monlevade, a 108 quilômetros de Belo Horizonte, na Região Central do estado, a médica endocrinologista Júnia Moura Branco, de 44 anos, chegou ao Hospital João XXIII às 14h30 e preferiu falar apenas uma frase: “Estou horrorizada com a violência”Duas horas e meia antes, Júnia recebeu a notícia, por telefone, de que o pai havia sido baleado e imediatamente veio para a capital, na companhia do marido, Vinícius Fonseca Mendes, de 42, e da filha Isabela, de 16

Depois de saber que o sogro passava bem, Vinícius contou que José Augusto, natural de Caxambu, no Sul de Minas, e casado há 47 anos com dona Wily, mora na Rua Campanha, a um quarteirão de onde foi baleado, e caminha todos os dias“Ele tinha ido ao banco, como faz sempre, desta vez para pegar dinheiro e pagar a empregada.” (Gustavo Werneck)