Jornal Estado de Minas

Licitação para renovar frota no Parque das Mangabeiras não tem data prevista

Enquanto isso, uma das principais áreas de lazer de BH fica sem transporte

Flávia Ayer Glória Tupinambás

Nem mesmo o acidente com o micro-ônibus que feriu 20 pessoas, no Parque das Mangabeiras, fez a Prefeitura de Belo Horizonte acelerar a licitação em busca de solução para o transporte interno de uma das maiores áreas de lazer da capital

A Fundação de Parques Municipais ainda trata apenas como um desejo a possibilidade de terceirizar a frota de micro-ônibus, apesar de o responsável pelo gerenciamento do Mangabeiras reconhecer a dificuldade de fazer a manutenção dos veículosSem solução à vista e com os micro-ônibus parados, os visitantes terão de se virar, por tempo indeterminado, para se deslocar na difícil topografia dos 2,8 milhões de metros quadrados do parque

"Temos de cuidar da conservação e do manejo de toda a área. Fica complicado para a gente manter também o transporte", André Funghi, responsável pelo Parque das Mangabeiras - Foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESS“Temos de cuidar da conservação e do manejo de toda a áreaFica complicado para a gente manter também o transporte”, afirma o chefe de Departamento dos Parques Sudeste, André FunghiA licitação não foi sequer avaliada pela Junta de Coordenação Orçamentária e Financeira da prefeitura, que também não tem previsão de quando o projeto de reforma será executadoAtualmente, o espaço é carente de calçadas para pedestres e, apesar de receber cerca de 30 mil pessoas por mês, sendo 5 mil somente aos domingos, não conta com posto médico nem de enfermagem.

De acordo com o responsável pelo parque, quando há problemas a direção recorre ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou ao Corpo de Bombeiros, como ocorreu na quarta-feiraAntes desse, o último acidente envolvendo veículos do transporte interno foi registrado em fevereiro“Estava chovendo, o ônibus derrapou e acabou batendo numa pessoa”, conta André, que atribui o acidente anterior ao mau tempoSegundo ele, os dois micro-ônibus da frota estão parados desde quarta-feira e continuarão na garagem até a apuração do último acidente.

"Ficamos sabendo quando viemos para cá. Nossa professora disse para não nos preocuparmos com isso, mas dá medo, porque já andei nesse ônibus uma vez", Paula Pereira da Costa, estudante - Foto: BETO MAGALHÃES/EM/D.A PRESSEnquanto isso, a alternativa dos visitantes será andar a pé no terreno acidentado da área verde“Pelo parque só trafegam carros a serviço e viaturas”, afirma André
Mesmo com as limitações, o espaço estava cheio na tarde dessa quinta-feira, quando ocorreu no parque mais um dia dos Jogos e Vivências das Escolas MunicipaisEm meio às competições, os alunos comentavam o acidente do dia anterior, em torno da área em que o micro-ônibus tombou, isolada por grades“Nossa professora disse para não nos preocuparmos, mas dá medo, porque já andei nesse ônibus uma vez”, conta a estudante Paula Pereira, de 15 anos.

Há mais de duas décadas como monitor de esportes do parque, Ubirajara Oliveira, de 44, funcionário que ajudou no resgate das vítimas, lembra das cenas: “Em 25 anos, nunca tinha visto isso no parqueOuvi um barulho estrondoso e quando corri o ônibus estava tombadoNa hora, fiquei com medo de alguém estar debaixo do veículo”.