Jornal Estado de Minas

Professores mudam rotina enquanto esperam retorno às salas de aula

Educadores aproveitam o tempo para fazer outras atividades, mas nada substitui a rotina dentro da escola

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri

Há 87 dias em greve, professores da rede estadual vivem uma quebra na rotina profissional

Alguns intensificam as atividades físicas e muitos se envolvem com novos projetosPorém, nada substitui a presença na escolaA espera pelo retorno às aulas angustia os profissionais que sentem, principalmente, a falta dos alunos

Roselane Gomes dos Anjos, 42, é professora de língua portuguesa da Escola Estadual Barão do Rio Branco, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo HorizonteEla afirma que não está feliz com o afastamento da sala de aula, mas acredita na greve com o única forma de protestarA educadora, que aderiu à paralisação há uma semana, procurou uma forma de amenizar o transtorno“Eu sou mãe de quatro filhosMinhas rotina não muda muito, mas acontece que você perde o pique de acordar cedoEstou intensificando minha atividade físicaSó podia caminhar 30 minutos por dia
Agora estou caminhando e andando de bicicleta”, conta a professora

A volta às aulas continua sem previsão, pois o impasse entre Sindicato Único dos Trabalhos em Educação (Sind-UTE) e governo de Minas Gerais permaneceOs professores rejeitaram a proposta do estado de um piso salarial de R$ 712,20, para uma jornada de 24 horas semanaisEles insistem num piso de R$ 1.597Quem pode mudar a realidade dos grevistas é o Ministério Público de Minas Gerais, que admitiu na quarta-feira a possibilidade de entrar com ação civil pedindo a declaração de ilegalidade da greve e a fixação de multa em caso de descumprimento

O professor Wender Rone, 32, está aproveitando a paralisação para refazer novos planos de aula na expectativa de melhorar a qualidade do ensino quando voltar às salasEle leciona geografia há oito anos na Escola Estadual Alizon Themoter Costa, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana“A greve mudou minha rotinaEstou acostumado com um ritmo e agora fico em casa ansioso, esperando”, disse o servidor

 

Rotina


O que mais incomoda a professora de física Carla Lazarroti, 52, é a falta de contato com os alunos

“Sinto faltaTenho Facebook e Orkut, os alunos me mandam mensagemDar aula é uma missão que a gente temCriei um vinculo afetivo com os alunos, mesmo os mais difíceis, aqueles que a gente tenta recuperar”, desabafa a professoraAlém de participar de algumas atividades propostas pelo sindicato, em apoio à greve, ela se dedicou ao desenvolvimento de um projeto para melhoria da aprendizagemA servidora está trabalhando a ideia com a filha, que é fonoaudióloga, e pretende levar a novidade para as salas da Escola Estadual Cândido Cabra, no Bairro Alto dos Pinheiros, onde trabalha há cinco anos

Mesmo mobilizado pelas causas da greve, o professor de língua portuguesa José Romeu Almeida, 49, sente na pele o que pais de centenas de estudantes mineiros passam nesses 87 dias“Eu também sou pai e tenho filho em escola públicaEles também estão sem aulaTodos infelizmente perdem com issoTodos infelizmente penam, mas é a única maneira que temos de chamar atenção dos governantesJosé Romeu trabalha nas escolas Estadual Pedro Evangelista e João Ferreira de Freitas, em Ibirité, na Grande BHEle entrou em greve no dia 8 dia, data em que o movimento foi oficialmente anunciado pelo Sind-UTE.