Jornal Estado de Minas

Em enterro de agente, policiais dizem que prisão de suspeito é "questão de honra"



Dezenas de agentes penitenciários e policiais civis acompanham, na manhã deste sábado, o velório do agente Ronaldo Miranda de Paula, de 33 anos, morto na sexta-feira durante um tiroteio na Avenida Waldomiro Lobo, esquina com Cristiano Machado, Região Oeste da capital. O corpo foi sepultado no início da tarde, no Cemitério Bosque da Esperança. Indignados, policiais e colegas da vítima dizem que a prisão do criminoso agora é “questão de honra”.



Segundo a polícia, o autor dos tiros é Bruno Rodrigues de Souza, o Quén-quen, foragido da Penitenciária de Teófilo Otoni, na Região do Vale do Mucuri. No último dia 11 de agosto, ele baleou dois policiais da Divisão de Crimes Contra Vida que faziam uma operação no Bairro Califórnia, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Segundo a polícia, Quén-quen, que é homicida, assaltante e traficante, é suspeito de ser um integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Minas.

A troca de tiros envolveu três foragidos da Justiça que estavam em um Fiesta e foram identificados por policiais civis em uma viatura. O carro dos fugitivos bateu em quatro veículos, entre os quais um caminhão. Houve troca de tiros. Um policial e um bandido ficaram feridos. Os outros dois cercaram o agente penitenciário Ronaldo Miranda de Paula, de 33 anos, que nada tinha a ver com a perseguição e o mataram, sem qualquer chance de reagir. Roubaram sua moto, uma Phazer vermelha, e fugiram.

 

O que aconteceu

1 ) Por volta das 11h30, um casal de policiais civis numa viatura identifica os ocupantes de um Fiesta que seguia também pela Avenida Cristiano Machado, sentido MG-10, como criminosos procurados pela polícia. Os agentes emparelham com o carro em que estão os suspeitos e ordenam que parem o veículo.



2) O motorista do Fiesta dá ré para tentar fugir e bate em um Honda Civic. Em outra manobra, se choca com um Astra e um caminhão.
3) A troca de tiros começa quando os três homens deixam o Fiesta. No tiroteio, um dos fugitivos é baleado no abdome e na coxa. Um policial é baleado no ombro.
4) Os dois em fuga correm para a esquina das avenida Cristiano Machado com Waldomiro Lobo e param a moto do agente penitenciário Ronaldo Miranda. Os criminosos se identificam como policiais e exigem a moto. Ronaldo diz que é agente penitenciário e é executado. Os bandidos fogem na motocicleta.

 

Perfil do acusado


Frio e altamente perigoso. Para se deslocar de um lugar para outro, além de documentos falsos, usa sempre roupas sociais. A camisa de mangas compridas serve para esconder as tatuagens e não levantar suspeitas. Esse é o perfil de Bruno Rodrigues de Souza, de 22 anos, o Quén-quen. Ele nasceu em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, onde tem longa ficha criminal. Começou no crime aos 15 anos. De acordo com a Polícia Civil de Teófilo Otoni, tem ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. Veio para BH no fim de 2009, quando fugiu de operação policial em Teófilo Otoni contra tráfico de drogas. É autor de vários homicídios no município do Vale do Mucuri, onde tem mandado de prisão.



Entre outros crimes, é acusado pelo assassinato de um homem conhecido como Elionei, em 2009. O crime foi motivado por tráfico de drogas. Em BH, já era investigado por tentar matar os agentes Paulo César de Oliveira Mendes e Francisco Rodrigo Carlos de Souza, da Delegacia de Homicídios. Eles foram baleados no dia 11, durante investigação de assassinato no aglomerado Sovaco da Cobra, no Bairro Califórnia, Noroeste de BH. Segundo a polícia, quando os investigadores passaram por Quén-quen, ele atirou várias vezes na viatura, baleando os dois. Segundo o delegado Edson Moreira, é investigado também por tentar matar uma juíza em Teófilo Otoni. No Fiesta usado por Quén-quen ontem foi encontrada uma carteira de identidade com a foto dele (foto), mas com o nome Flávio Alves Gusmão. (Luiz Ribeiro)