Jornal Estado de Minas

Contratação de professores substitutos agrava paralisação

 

No Colégio Estadual Governador Milton Campos, o Estadual Central, no Bairro de Lourdes, Região Centro-Sul de BH, a contratação de professores substitutos pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) para o lugar de grevistas agravou a paralisação, em vez de diminuir os prejuízos para alunos do 3º do ensino médio, que este ano disputam vagas em universidades. Em repúdio à designação de cinco professores no turno da manhã, cerca de 100 docentes, do 2º e 3º anos do ensino médio, decidiram interrromper as aulas e aderir à greve.



Até então, a paralisação não havia abalado 720 estudantes que frequentam a escola na parte da manhã. “Só agora eles estão sentindo o peso da greve. Desde quinta-feira, quando os designados começariam a trabalhar, os professores decidiram parar as atividades. Quarta-feira eles farão uma reunião na escola para avaliar se retornam às salas de aula”, afirma a diretora do Estadual Central, Maria José Duarte.

Segundo ela, o turno da tarde, com alunos de 1º e 2º anos, está totalmente paralisado e não há definição alguma sobre o reinício das atividades, já que as medidas de substituição só estão previstas para o último ano do ensino médio. À noite, 11 professores foram designados para substituir grevistas e as aulas estão sendo retomadas, de acordo com Maria José.

O clima de recomeço também toma conta do Instituto de Educação de Minas Gerais, no Centro da capital, onde 80% dos cerca de 300 alunos do 3º ano voltaram à rotina de estudos desde a quinta-feira. Mas nem a presença dos substitutos tem tranquilizado os estudantes, que, em outubro, prestam o Exame Nacional no Ensino Médio (Enem). Diante do prejuízo de mais de dois meses sem aulas, muitos já consideram o ano perdido. “Acho que este ano já não dá mais para passar na faculdade. A sensação é de estarmos novamente no começo do ano”, lamenta a estudante Nathália Valadares, de 17, candidata a uma vaga de direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).



A colega Martha Rodrigues, de 18, da mesma turma, considera errada a postura dos grevistas. “Acho egoísmo da parte deles, pois estamos no ano mais complicado. Mesmo com a volta às aulas, os professores têm orientado os alunos a não vir para a escola”, conta. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) informa que tem conhecimento da situação no Estadual Central e afirma ser um caso pontual. De acordo com levantamento da pasta, a greve afeta, atualmente, 300 mil estudantes, com 56 escolas totalmente paralisadas e 690 parcialmente paradas.

Outro dia de protestos


Os professores da rede estadual de educação vão às ruas nesta terça-feira para divulgar o movimento grevista e informar sobre as reivindicações da categoria. Haverá panfletagem na Ponte do Rio das Velhas, na BR-381, em Sabará, na Grande BH, e em frente ao Restaurante Popular do Barreiro, na região de mesmo nome. Também haverá manifestação, desta vez de pais e alunos, em frente à Escola Estadual Lívia Mara de Castro, em Betim. E, amanhã, uma nova chance de pôr fim à greve, em assembleia do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), na Assembleia Legislativa, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de BH.