Ana Lígia de Paula, de 39 anos, tem deficiência mental moderada, que gera um atraso no desenvolvimento de habilidades como se comunicar e cuidar de si
Mas no último sábado, mais de um ano após entrar em vigor uma portaria (029/2010) da Empresa de Transportes e Trânsito da capital (BHTrans) que restringia o acesso ao benefício, foi publicado um novo texto no Diário Oficial do Município, invalidando o anteriorDesde março do ano passado, somente pessoas com deficiência mental grave ou profunda poderiam receber a gratuidadeAgora, conforme texto assinado pelo presidente da empresa, Ramon Victor Cesar, quem tiver “funcionamento intelectual inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como comunicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da comunidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer e trabalho”, pode solicitar o serviço.
Se uma das barreiras vencidas anteriormente por Ana era o contato com outras pessoas, a impossibilidade de fazer as atividades na Apae durante um período de 15 dias a levou a ficar mais esquiva no meio socialAgora, ela terá novamente a ajuda para se deslocar até o serviço“Lá é bom, os meninos são alegres, brincam, corremEu fiquei brava por não poder ir à Apae”, contaCompanheira de Ana Lígia, Maria da Conceição Pires dos Santos, de 40 anos, só não perdeu o seu direito à gratuidade nos ônibus porque tem, além da deficiência mental moderada, a físicaCom deformidades na espinha desde que nasceu, Conceição tem dificuldades para passar na roleta do ônibus e reconhece a importância do passe livre para ela
Cidadania
Segundo levantamento feito em 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,5% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, sendo que em Minas esse número é de 14,9%Em Belo Horizonte, as pessoas com deficiência representam 12,4% dos habitantes Maria Dolores da Cunha Pinto, de 62, professora, especialista em educação especial, além de ex-presidente e atual integrante do Conselho Consultivo da Apae, esclarece que a deficiência mental pode ser agravada pelas condições sócio-econômicas em que o indivíduo se insere“O passe livre é um reconhecimento do direito de cidadania das pessoas com deficiência mentalSe não promovermos a interação social, elas regridemQue visão de mundo terão se o único lugar que conhecem é a casa onde moram?”, indigna-se Dolores.
Segundo ela, só nas casas lares da Apae, em Belo Horizonte, 25 deficientes mentais perderam a gratuidade no último ano“Agora imagina o impacto de 20 dias de passagem, cerca de R$ 100, na renda de uma família que recebe um salário mínimo de assistência do governo ao portador de deficiênciaSe tiver outros filhos, a mãe acaba reduzindo a saída daquele com necessidade especial”, ilustra a especialista.
Na Câmara Municipal, tramita um projeto de lei que pretende ainda excluir a renda familiar dos critérios adotados para conceder os benefícios a pessoas com deficiência
Apae comemora 50 anos
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belo Horizonte (Apae-BH) comemorou nessa segunda-feira 50 anos da instituição com muita festa
O objetivo é levantar fundos para manter os serviços prestados pela instituição aos excepcionais e suas famíliasPara receber a mascote, a Banda da Diversidade, formada apenas por pessoas portadoras de deficiência intelectual ou múltipla que frequentam a Apae-BH, se preparou na porta da instituição para comandar a festa Assim que o representante do Atlético chegou, os tambores começaram a tocarAté os cruzeirenses se empolgaramEles cantaram e dançaram o hino atleticano ao som dos instrumentos da banda
As comemorações vão até o próximo domingo, dia 28Outras informações pelo site belohorizonte.apaebrasil.org.br ou pelo telefone 3489-6939