Jornal Estado de Minas

Arma elétrica vai paralisar suspeitos em BH e Varginha

Policiais militares e integrantes das guardas municipais de Belo Horizonte e de Varginha começam a usar, a partir de agosto, pistolas elétricas capazes de imobilizar suspeitos

Paula Sarapu

Em substituição às pistolas automáticas, revólveres e fuzis, usados normalmente pelas forças policiais, armas de eletrochoque, capazes de paralisar criminosos sem feri-los ou matá-los

Essa é a novidade que, a partir de agosto, policiais militares e integrantes das guardas municipais de Belo Horizonte e de Varginha vão levar às ruas para combater a violênciaÉ mais um recurso high tech a ser empregado pelas unidades de segurança estaduais e municipais de Minas, a exemplo do uso de tornozeleiras eletrônicas para vigilância de presos, em uma tendência já consolidada em outros países, onde o emprego de armamento não letal e da tecnologia de ponta está cada vez mais presente na rotina das forças policiais

 

Entenda como funciona a arma não letal


Em Minas, as armas de eletrochoque, chamadas de tasers, estão sendo repassadas pelo Ministério da Justiça São 545 pistolas, 315 das quais serão entregues à Polícia Militar, 200 para a Guarda Municipal de Belo Horizonte e 30 para a Guarda Municipal de VarginhaQuando disparada, a arma libera dardos capazes de atingir um alvo a 10 metros de distânciaHá emissão de ondas eletromagnéticas que interrompem a comunicação do cérebro com o resto do corpo, paralisando por alguns instantes os movimentos do alvo, o suficiente para que ele seja facilmente dominado

Equipamento tem carga para 100 dardos em alvos a até 10 metros de distância, emitindo ondas eletromagnéticas - Foto: MARCOS MICHELIN/EM/D..A PRESSA compra do armamento faz parte da política de segurança do governo federal de trabalhar com o princípio da inteligência e usar instrumentos de menor potencial ofensivo para reduzir a letalidade e lesões corporais graves decorrentes das ações que demandam emprego de forçaA distribuição das 454 pistolas de eletrochoque é a maior já feita no estadoDesde 2009, agentes penitenciários têm 40 armas como essasO uso do equipamento foi iniciado no sistema prisional

Segundo a secretaria, os dardos de choque foram acionados poucas vezes, mas considerados eficientes no controle de tumultosRecentemente, durante revista rigorosa na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, um detento foi imobilizado porque se recusou a deixar a celaEm Uberaba, desde junho, 100 guardas municipais usam esse tipo de armamento

Da nova remessa de armas não letais, 315 seguem para os batalhões da Polícia Militar, 200 para os guardas municipais da capital e 30 para Varginha No caso da PM, segundo informou o assessor de imprensa da corporação, capitão Gedir Rocha, um planejamento vai definir quais unidades vão receber o equipamento e em que situações ele deve ser usado “Possivelmente as tropas especializadas vão receber o material”, afirmou

Já nas guardas municipais, os agentes de segurança passarão por treinamento prático e teórico antes de ir às ruas com o novo armamentoUm oficial da Força Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça, dará as instruções, capacitando-os para o uso dos tasers com segurança.

Em números

545 -
armas

315 - para a PM

200 - para a Guarda Municipal de BH

30 - para a Guarda Municipal de Varginha

 
Mortais


Em Belo Horizonte, além dos 200 tasers que o Ministério da Justiça vai entregar à Guarda Municipal, a corporação vai usar armamento convencionalSão 350 revólveres calibre 38 que já foram comprados e serão distribuídos a integrantes da GMBH até o fim do anoOs 2,4 mil guardas municipais da capital receberam treinamento e foram submetidos a exames psicotécnicos

No momento, a PBH está tratando da concessão de porte de arma aos guardas.

Em Uberaba, nenhum disparo em 20 dias

Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, 100 guardas municipais estão usando tasers há 20 dias, mas desde as primeiras operações não foi necessário empregar as armas de eletrochoque para dominar ninguémOs equipamentos, que custaram R$ 350 mil, foram importadas dos Estados Unidos, resultado de um convênio do município com o Ministério da Justiça

O comandante da Guarda Municipal de Uberaba, Marco Gianvecchio, não esconde a satisfação com as pistolas não letais e diz que a população do município entendeu a necessidade do uso desse tipo de armamento para preservar a vida de todos “Só tínhamos algemas e bastões e entendemos que os tasers servem para proteger a integridade do guarda e também do agressorRecebemos treinamento de um representante da empresa americana, mas até hoje não fizemos nenhum disparoNão foi necessário.” A ideia é usar só em último caso, como em tumultos durante manifestações ou ocorrências de perturbação de sossego, normalmente em festas onde os frequentadores ingeriram bebidas alcoólicas e não aceitam as orientações da guarda(PS)