Jornal Estado de Minas

Ônibus velhos e superlotados põem alunos em risco em cidades do interior do estado

Maurício Lara
Ônibus na zona rural de Catuji, no Vale do Mucuri: prefeituras alegam falta de recursos para renovar frota - Foto: Beto magalhães/ EM/ DA Press
Catuji, Chapada do Norte, Caraí e Minas Novas – As aulas marcadas para as 7h na Escola Estadual DrCiro Maciel, em Catuji, cidade de 6.700 habitantes, no Vale do Mucuri, a 513 quilômetros de Belo Horizonte, não tinham começado às 7h20 na terça-feira porque boa parte dos alunos da zona rural não tinha chegadoOs atrasos são habituais, por causa da precariedade do sistema de transporte escolar, formado por ônibus e kombis, a maioria velha e mal conservada, como é comum nos municípios que dependem do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

A reportagem do Estado de Minas percorreu cidades do interior do estado e constatou que o excesso de lotação, falta de cinto de segurança e carona, irregularidades que contribuíram para a gravidade do acidente envolvendo um trem e um ônibus escolar que, uma semana antes, deixou três mortos e 30 feridos em Entre Rios de Minas, no Campo das Vertentes, são muito mais regra do que exceçãoFatores que, agravados pela má qualidade das estradas de terra, expõem os estudantes a toda sorte de riscos pelo caminho, até que estejam protegidos pelos muros da escola“Não tem carro reserva, os ônibus vêm lotados, viaja menino em pé”, queixa-se o vice-diretor Guilherme Jardim Botelho.

A prefeitura de Catuji, como muitas outras dos vales do Mucuri e do Jequitinhonha , não consegue comprar veículos novos, à exceção dos adquiridos por meio do programa Caminho da Escola, do governo federalO habitual é assim: ônibus urbanos retirados do sistema de cidades maiores por estourarem o tempo de vida útil são comprados por prefeituras ou transportadores que prestam serviços a elas“Não conseguimos nem pagar consertos”, reclama o secretário de Transportes de Catuji, João Batista Arrais“Ônibus é caro demaisCom o dinheiro de um novo, dá para comprar três usados”, diz Rogério Gomes, contador da prefeitura, que avisa: “A nossa realidade é a mesma de muitas cidades”