Em 2011, nos 300 anos do Ciclo do Ouro em Minas Gerais, moradores de Ouro Preto estão mobilizados contra uma obra que pode descaracterizar uma das principais ruas da cidade históricaDesde segunda-feira, turistas e cerca de 400 comerciantes e funcionários dividem espaço com as máquinas que trabalham em uma obra de saneamento na Rua São JoséMetade do calçamento da via foi retirado, e o que mais preocupa a população é a substituição da calçada de pedestres atual por uma nova.
Marina afirma que os moradores foram os últimos a saber da intervenção"Nós fomos acionados pela presidente da Associação Comercial de Ouro Preto no último dia 9 para participar de uma reunião para anunciar a obraUm representante da prefeitura também participouSegundo ele, os trabalhos vão durar seis mesesEm apenas dois dias, o comércio local já começou a ter prejuízo", explica a lojista.
Assim que foram informados da retirada do passeio centenário, os comerciantes se mobilizaram para impedir a descaracterização da ruaA comissão formada pelos proprietários de estabelecimentos na Rua São José já conta com 500 assinaturas em um documento contra a alteração do patrimônio"Já recorremos a vários órgãos estaduais e federais
Prefeitura alega que insatisfação é de comerciantes
A obra vai alargar a calçada da Rua São José e acabar com espaço de estacionamento usado por motoristas que compram nas lojas da regiãoSegundo a prefeitura esse seria o motivo da insatisfação dos comerciantesEles estariam reclamando por causa do fim de vagas ocupadas por clienteMas o órgão afirma que os carros estacionados nessa rua, em horário comercial, descumprem as regras de trânsito, porque o local é área de embarque e desembarque.
A assessoria da prefeitura ainda ressaltou que o alargamento dos passeios vai melhorar a mobilidade de pedestres, que contam com espaço precário de circulaçãoPor fim, o órgão afirma que "em momento algum a obra está sendo feita em desacordo com regras do Iphan ou leis ambientais".
Quem também reforça a questão da legalidade da obra é o secretário de Patrimônio de Ouro Preto, Gabriel GobbiSegundo ele, o projeto foi aprovado pelos conselhos de Política Urbana e Preservação da prefeitura e tem autorização prévia do Iphan"Dentro dos conselhos há representantes da sociedade civil, inclusive da Associação Comercial", afirmaEle também questiona o tombamento do passeio, citado pelos comerciantes"Em Ouro Preto o conjunto é tombado, ou seja, casas, ruas
individualA calçada, neste caso, faz parte de um conjunto e pode ser modificada desde que não traga dano a eleE quem avalia a possibilidade de dano é o Iphan", explicaAinda de acordo com o secretario, todo o projeto foi feito em parceria com o órgão e o estudo durou quatro meses.
Além de refazer a rede de esgoto da cidade, que é do século XVIII, existe a necessidade de readequação do passeio da via"A calçada está em péssimo estadoA reforma vai ficar por conta da Secretaria de PatrimônioVamos adaptar o passeio para acessibilidade, facilitando a passagem de idosos e portadores de necessidades especiais", diz Gobbi