Jornal Estado de Minas

Montes Claros vê disparar assaltos com bandidos usando motos

Luiz Ribeiro
Em Montes Claros, no Norte de Minas, o uso de motos está associado a uma crescente onda de violência
A estimativa de que 70% dos assaltos à mão armada são praticados com o veículo – também usado na maior parte dos 53 homicídios registrados este ano – levou a Câmara a aprovar lei restringindo o uso de capacetes em prédios e estabelecimentos da cidade“Minha intenção foi proteger principalmente os postos de gasolina, que estavam sofrendo muitos assaltos”, afirma o vereador Marcos Nem (PR), autor da lei.

A iniciativa, porém, não surtiu efeito“O problema é que não temos poder de polícia para impedir o acesso aos postos por pessoas usando capacetesAssim, os assaltos continuam”, afirma o diretor regional do Sindicato dos Revendedores de Derivados de Petróleo (Minaspetro) em Montes Claros, Márcio Hamilton LimaSem alternativa, a maioria dos donos de postos recomenda que os frentistas nunca reajam e sempre andem com pouco dinheiro, no máximo R$ 30.

A tática para cometer os assaltos se repete: os criminosos andam em dupla, numa única moto, cuja placa é retirada ou tem a numeração cobertaHá casos em que os bandidos abastecem antes de anunciar o roubo, como relata o frentista Franz Lopes, de 44 anos, que já foi assaltado três vezesTeve mais sorte do que o colega de profissão Anísio Ribeiro, de 49 anos, que há 10 trabalha em um posto da cidade e já foi roubado seis vezes.

O comandante do 50º Batalhão da Policia Militar de Montes Claros, tenente-coronel Jorge Bonifácio de Oliveira, salienta que o excesso de motos na cidade contribui para que esse tipo de veículo seja usado em cerca de 70% dos assaltos e dificulta o combateDe acordo com dados da Empresa Municipal de Transito (Mc Trans), em maio, Montes Claros já contava com 50,5 mil motos.