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Estado de Minas

Minas aguarda inauguração de roteiro cultural da paleontologia

Na véspera dos 210 anos do nascimento de Peter Lund, pai da paleontologia no Brasil, roteiro cultural em sua homenagem está sem data para ser aberto


postado em 09/06/2011 06:00 / atualizado em 09/06/2011 06:17

Iluminação da Gruta da Lapinha, com tecnologia de ponta, está pronta(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 28/9/10)
Iluminação da Gruta da Lapinha, com tecnologia de ponta, está pronta (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press - 28/9/10)


Às vésperas da celebração dos 210 anos de nascimento do dinamarquês Peter W. Lund (14/6/1801-25/05/1880), que viveu 46 anos na região de Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte, e é considerado o pai da paleontologia brasileira, quatro projetos culturais e turísticos ligados à sua vida e obra continuam indefinidos quanto à data de inauguração e abertura ao público. São eles a Gruta da Lapinha, cujo novo sistema de iluminação está pronto; o centro cultural e receptivo turístico, ao lado da gruta; a cessão a Minas, pelo Museu de Zoologia de Copenhague, de 300 fósseis para exposição; e a consolidação da Rota Lund, que ligará vários monumentos naturais e museus. A mudança de governo, segundo informações da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), gerou mudanças no planejamento e cronograma, embora as obras estejam em andamento.

Na terça-feira, data do aniversário de Lund, Lagoa Santa, onde o paleontólogo residiu, fará festa em grande estilo, com a presença do cônsul da Noruega e presidente da Câmara de Comércio Brasil-Dinamarca, Jens Olesen. O ponto alto será às 20h, no Ramada Hotel, com o lançamento da biografia (versão traduzida) do paleontólogo escrita por Birgitte Holten, obra que chegou aos leitores dinamarqueses recentemente, e exposição de 17 telas pintadas pelo norueguês Peter Andreas Brandt (1792-1862), acompanhante de Lund na viagem ao Brasil. A programação incluirá a sinalização, com placas interpretativas, da Praça Lund e do túmulo dele – os restos mortais foram levados para Copenhague em meados do século passado.

A expectativa é grande pela reabertura da Lapinha, que vai receber, conforme o Estado de Minas divulgou com exclusividade 1,6 milhão de tonalidades diferentes de luz para criar um cenário de valorização da história e dos salões cobertos de formações calcárias datadas de 600 milhões de anos. A reinauguração do monumento natural e cultural, que recebeu recursos de cerca de R$ 4 milhões do governo estadual, estava prevista para março. Um dos pontos mais visitados de Minas, com cerca de 20 mil pessoas/ano, a Lapinha é um dos expoentes da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste de Lagoa Santa e do Parque Estadual do Sumidouro, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).

O Centro Receptivo Peter W. Lund, com 500 metros quadrados e dois andares, vai transformar a Lapinha na primeira gruta do país a ter estrutura especialmente projetada para atender visitantes. No local, deverão ser expostos cerca de 300 fósseis do Museu de Zoologia de Copenhague, cedidos pelo governo da Dinamarca em regime de comodato por 10 anos, com possibilidade de prorrogação. As peças, de um total de 12.622, foram enviadas ao seu país natal, a partir de 1845, pelo naturalista. Entre as preciosidades está parte do material encontrado por Lund na Lapa Vermelha, gruta destruída por uma empresa, na década de 1970, para transformar o patrimônio natural em sacos de cimento.

Arqueologia valorizada

Unindo toda a região está a Rota Lund, destino turístico que integra, além da Lapinha, o Museu de História Natural da PUC Minas, no Bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de BH, o Parque do Sumidouro, as grutas do Rei do Mato (25 mil visitantes/ano), em Sete Lagoas, e Maquiné (40 mil visitantes/ano), em Cordisburgo, ambas com novas obras de infraestrutura e iluminação. A Rota Lund é um conjunto de ações e projetos, ao longo de 120 quilômetros, para fortalecer o turismo e o conhecimento arqueológico. Vai funcionar, para valer, quando todos os projetos estiveram em funcionamento e aberto aos visitantes.

 

Peter Lund, naturalista dinamarquês (1801-1880), deu início aos estudos paleontológicos no Brasil ao descobrir nas cavernas da região Lagoa Santa milhares de fósseis de animais extintos. Ele viveu mais de quatro décadas na cidade da Grande BH. Em 1843, ao escavar a Gruta do Sumidouro e encontrar vestígios da fauna misturados com restos humanos, Lund levantou a hipótese, inimaginável para a época, de que os humanos teriam sido contemporâneos de alguns dos mamíferos extintos.


Pesquisas

Lund é considerado o pai da paleontologia nacional. Foi o primeiro a registrar a presença de pinturas rupestres e entrar em algumas das mais de 800 cavernas que explorou na região cárstica de Lagoa Santa. Suas pesquisas foram usadas até por Charles Darwin (1809-1882), autor da teoria da evolução das espécies.

Com os milhares de fósseis que descobriu, Lund escreveu a história do período pleistoceno brasileiro. A Gruta da Lapinha, a 48 quilômetros de Belo Horizonte, foi descoberta por Lund em 1835. Nas suas pesquisas, ele descobriu, em 1840, restos de fósseis do primeiro homem americano da raça de Lagoa Santa, além de animais pré-históricos, como o tigre dente-de-sabre, a preguiça gigante etc.

Nas décadas de 1970 e 80, missão franco-brasileira, que incluía os arqueólogos André Prous, da UFMG, Castor Cartelli, da PUC Minas, e Charles H. Kooler segue a trilha deixada por Peter Lund na região. No sítio Lapa Vermelha, equipe dirigida por A. Laming-Emperaire encontra um esqueleto da raça Lagoa Santa, datado de 11 mil anos. Em 1975, é desenterrado o crânio de Luzia, levado para o Rio de Janeiro e por anos esquecido entre caixas. O arqueólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo (USP) começa a estudar o fóssil e estende as suas pesquisas até o século 21. 


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