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Estado de Minas

Moradores do Mangabeiras entregam ao MP abaixo-assinado contra obra

Documento com mil adesões foi feito contra projeto para a área do antigo Instituto Hilton Rocha e alerta sobre risco para o cartão-postal


postado em 07/06/2011 06:00 / atualizado em 07/06/2011 06:26

Incrustada na montanha, unidade foi construída em meados da década de 1970, contrariando a legislação ambiental, sob condição de que espaço fosse usado exclusivamente para abrigar hospital de olhos(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Incrustada na montanha, unidade foi construída em meados da década de 1970, contrariando a legislação ambiental, sob condição de que espaço fosse usado exclusivamente para abrigar hospital de olhos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)


Mais lazer, menos promessas e mais respeito às leis ambientais. É o que cobram moradores do Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Indignados com a novela sem fim do Parque Serra do Curral – previsto para ser inaugurado em 2008 e até hoje com os portões fechados –, eles travam mais uma antiga luta para proteger outra parcela do maciço, que representa um dos cartões-postais da capital e está na origem do próprio nome da cidade. Nessa quinta-feira, 1 mil assinaturas foram entregues ao Ministério Público Estadual (MPE) denunciando uma ameaça à serra: a possível implantação de novo hospital, em substituição ao Instituto dos Olhos Hilton Rocha, imóvel que em outubro de 2009 foi leiloado e arrematado por R$ 16 milhões pela clínica especializada em prevenção e tratamento do câncer Oncomed BH.

Erguido em 1974, o empreendimento atropelou a legislação ambiental da época e foi implantado aos pés da Serra do Curral, patrimônio tombado de BH desde 1960. “Os governantes da época procuraram minimizar os inevitáveis impactos ambientais, por meio da limitação de uso, registrada em cartório, segundo a qual o hospital só poderia ser oftalmológico e um centro de formação de oftalmologistas, sob pena de reversão do terreno ao poder público”, conta o presidente da União das Associações dos Bairros da Zona Sul, Marcelo Marinho Franco, também presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras.

Desde 2005 o hospital é alvo de polêmicas. Por causa de dívidas trabalhistas, o prédio entrou na lista de imóveis a serem leiloados pela prefeitura. Na época, o temor dos moradores da região era de que o espaço fosse transformado em uma universidade, diante do interesse de uma faculdade em tornar o local um centro de ensino. O projeto esbarrou nas leis para o uso do terreno. Mas, em outubro de 2009, o Grupo Oncomed BH arrematou o edifício de cinco andares, por R$ 16 milhões. “Agora, o grupo quer atropelar as leis ambientais, transformando o Instituto dos Olhos em um hospital de múltiplas especialidades, com 1.103 funcionários e 226 leitos. Os impactos ambientais serão desastrosos para a encosta da Serra do Curral e para toda a região”, reclama Marcelo.

O moradores sustentam não ser contrários à abertura de um hospital na cidade, mas ponderam que uma unidade do tipo deve ser implantada em locais específicos, como a região hospitalar da capital. “Não somos contra nenhum serviço hospitalar, mas a região do Mangabeiras e o entorno são uma área de lazer não apenas dos moradores, mas da cidade. Há gente que vem de lugares distantes para andar aqui e trazer toda a família para passear. Há os eventos na Praça do Papa. BH é uma cidade carente desse tipo de espaço para o bem-estar e corre o risco de perder mais um”, afirma Marcelo, dizendo que já procurou a prefeitura e apelou ao Ministério Publico. “Defendemos o bairro como patrimônio ambiental e de lazer.”

Estudos

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que o projeto da Oncomed ainda não é de conhecimento do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam). Dessa forma, o órgão não poderia se pronunciar. Já a clínica informou, por meio de nota, que o grupo está analisando e fazendo o estudo das diretrizes a serem tomadas para uso do instituto. “Tais diretrizes estarão em consonância com as leis vigentes e ancoradas no respeito à comunidade e ao meio ambiente”, diz o texto. A nota informa ainda que a clínica pretende manter a área oftalmológica e inserir a oncológica. “Está em estudo a possibilidade de atuação também na área cardiológica”, admite o comunicado.


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