O suspeito de comandar os incêndios é o assaltante Cleverson Silva de Oliveira, de 27, condenado a 49 anos de prisão por roubo a banco, porte de artes e formação de quadrilhaA polícia apresentou gravações em que ele se incriminariaPelas investigações, mais quatro detentos estão envolvidosEles planejavam a execução de agentes penitenciários e a explosão de viadutos, conforme as apurações policiais.
Em 2 de maio, um servidor graduado da Subsecretaria de Estado de Administração Prisional (Suapi) denunciou ao Estado de Minas esquema de corrupção sustentado pela banda podre do corpo de agentes penitenciários da Penitenciária Nelson Hungria, considerada de segurança máximaEsse teria sido o motivo das intervenções, entre elas operações pente-fino nas celas, e que revoltaram os presos
Havia um comércio clandestino de celulares dentro da unidade, de drogas e até sexo, segundo a fonteOs detentos, conforme essa denúncia, pagavam caro por regalias
Queima
Ontem, o delegado Islande Batista apresentou os primeiros resultados das investigações que apuram a queima de 14 ônibusO primeiro crime foi um dia depois de a nova direção da Nelson Hungria determinar varredura e transferir presosDois ônibus foram destruídos, um no Bairro Nova Contagem, em Contagem, Grande BH – onde fica o presídio – e outro no Bairro CoqueirosNo dia 27, mais dois coletivos foram queimados, no São Luiz, na Pampulha, em Belo Horizonte, e outro em Vespasiano, região metropolitanaA polícia já concluiu que essas ações, praticadas por encapuzados fortemente armados, foram comandadas de dentro da prisão.
Islande Batista não descarta a hipótese de envolvimento de presos em outros dois incêndiosEm 17 de maio, seis adolescentes, já identificados, atearam fogo num ônibus no Bairro Nova Cintra, na Região Oeste da capitalUm menor, de 15 anos, revelou que um adolescente envolvido é irmão de dois presos da Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, Grande BH, mas não indicou a causa nem deu mais detalhes, com medo de ser mortoO delegado tem a mesma suspeita com relação à queima de um micro-ônibus em 9 de maio, na Rua Jacuí com Avenida Cristiano Machado, no Bairro da Graça, Região Nordeste, por dois homens que estavam numa moto, usando capacetes.
'Aproveitadores'
Os demais incêndios, de acordo com o delegado, foram casos isolados, praticados por vândalosEm 2 de maio, um ônibus foi queimado no Barreiro e câmeras de segurança da Estação Diamante registraram a ação dos suspeitos, o lanterneiro César Júlio Franklin Magnani, de 21 anos, e outro, identificado apenas como Gordinho, que é procurado
Ele se apresentou à polícia, prestou depoimento e foi liberado, por ter residência fixa e sem antecedentes criminai, mas pode ser condenado de três a seis anos de reclusão.
Perícia feita pelo Instituto de Criminalística indicou que outros quatro incêndios não teriam sido criminososUm curto-circuito na parte elétrica foi a causa da destruição de três micro-ônibus e um escolar, em 8 de maio, numa garagem do Bairro Dom Cabral, Região Noroeste de BH
Outro crime foi em Ribeirão das Neves, em 16 de maio, e dois passageiros são suspeitos, revoltados com a demora, depois do estouro de um pneu e a demora para chegada de um segundo coletivo.
O ônibus queimado em Nova Lima, região metropolitana, em 22 de maio, foi por vingança, segundo o delegado, por uma desavença com o motoristaO suspeito já foi identificado.Dois adolescentes de 17 anos, já ouvidos e liberados pela polícia, confessaram ter queimado um ônibus em 27 de maio, no Bairro São Marcos, Região Nordeste de BHDisseram que foi em represália a uma ação de policiais militares que feriram a tiro um amigo deles, identificado por Saulo, na noite anterior ao crimeOs menores foram liberados , um deles com o braço direito queimado, e vão responder pelo ato infracional na Divisão de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dopcad).