Jornal Estado de Minas

Faltam fiscais para inspecionar restaurantes de BH

Prefeitura aplicou multa de R$ 7 mil a restaurante que serviu comida estragada, mas há 130 profissionais da Vigilância Sanitária para inspecionar 4,3 mil estabelecimentos

Gustavo Werneck

Um peixe estragado, servido neste ano num restaurante da Pampulha, custou ao proprietário da casa uma multa de R$ 7 mil aplicada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), via Secretaria Municipal de Saúde
Os proprietários, portanto, devem ficar atentos ao que levam à mesa dos clientes, e o consumidor, de olho no que come em qualquer um dos 4,3 mil estabelecimentos da capitalDesse total, 80% são do tipo self-service e bufê livre, de acordo com o Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Região Metropolitana (Sindhorb)Para denunciar as irregularidades quanto à limpeza e qualidade da comida, basta ligar 156

"Normalmente, prefiro comida refogada. Tive uma intoxicação numa festa de fim de ano, comendo coração de galinha mal-passado. Outras 10 pessoas passaram mal também e cheguei a ir para o hospital. Depois disso, passei a me preocupar mais com a comida na rua. Fico atenta com a aparência e limpeza do lugar, tento dar uma olhada na cozinha e evito folhas onde não conheço o processo de higienização", Luciana Vasconcelos, 30, estudante - Foto: BETO NOVAES/EM/D.A PRESSSegundo a fiscal da Vigilância Sanitária da PBH, médica veterinária Cirlene Rodrigues Ribas, o serviço dispõe de 130 profissionais, distribuídos nas nove administrações regionais, que obedecem a um cronograma de inspeção dos restaurantes, atendem as denúncias dos consumidores e apuram os casos de intoxicação alimentar De acordo com o Código Sanitário do município, as casas só podem funcionar mediante o alvará sanitário, liberado pelo setor de vigilância com base nas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Depois de concedida a licença sanitária, os fiscais voltam aos estabelecimentos, verificando o fluxo de produção, que inclui recebimento dos produtos, manipulação, preparo e venda nos balcões de exposição; parte física da casa; e apresentação do manipulador ou encarregado do serviço“É um processo de fiscalização para avaliar os riscos sanitários e evitar contaminação, mas também de cunho educativo”, afirma a médica veterinária

Refrigeração

As multas maiores, caso do peixe servido na Pampulha, podem chegar a R$ 7 milEntre as infrações anotadas pelos fiscais sanitários em BH estão o mal acondicionamento dos alimentos – sem refrigeração ou guardados em geladeiras desreguladas –, queijos sem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), alimentos cuja procedência não pode ser comprovada, fluxo de produção confuso, com problemas principalmente na cozinha, e exposição inadequada dos alimentosComo forma de proteção para o consumidor e para garantir a qualidade, os alimentos frios devem ser armazenados numa temperatura baixa (de até 10 graus)
Já os quentes, acima de 60 graus

Cirlene diz que a situação dos restaurantes tem apresentado “melhoria grande”, com a busca dos proprietários em cumprir as determinações da vigilância sanitáriaE que o número de fiscais tem sido suficiente para atender a demandaMesmo assim, lembra que as pessoas que almoçam em restaurantes devem observar o aspecto da casa e os balcões com as vasilhas, já que as pessoas que estão se servindo podem, eventualmente, tossir, conversar ou deixar cair um cabelo sobre a comidaE em caso de notar qualquer irregularidade – falta de limpeza do estabelecimento ou dos funcionários (cuidados com as unhas, limpeza do guarda-pó e apresentação suspeita da comida – denunciar à fiscalização